Entre histórias de heróis perfeitos, “O Voo” (2013) cutuca uma ferida que pouca gente gosta de encarar: quando o talento é gigante, mas os limites pessoais gritam mais alto. Denzel Washington veste um personagem que brilha no cockpit e desaba fora dele — e é justamente esse contraste que segura a atenção do início ao fim.
A trama acompanha Whip, comandante experiente que executa um pouso de emergência quase impossível e salva dezenas de passageiros. O feito o coloca nos holofotes, mas a investigação que vem na sequência liga o alerta para algo que ele tenta esconder há muito tempo: vícios e decisões que cobram preço alto.
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O filme funciona como estudo de personagem. Cada depoimento, cada laudo e cada conversa com advogados e colegas desmonta a aura de herói e expõe culpa, negação e autocontrole em ruína. A performance de Denzel tem peso: olhar cansado, respostas atravessadas e um orgulho que insiste em falar mais alto quando tudo pede calma.
O drama e o suspense correm juntos. Enquanto a imprensa celebra o salvamento, a investigação técnica aperta o cerco e revela detalhes do voo que podem virar a narrativa de ponta-cabeça. A tensão não vem só do que aconteceu no ar, mas do que o protagonista faz em terra para se manter de pé.
Visualmente e sonoramente, o longa aposta em sequências de cabine que dão sensação de proximidade, e em silêncios que dizem mais do que discursos.
O resultado é direto: uma história sobre responsabilidade, verdade e redenção, conduzida por um ator em altíssimo nível — agora, acessível na Netflix.
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