Pesquisadora fala sobre a síndrome da fadiga crônica

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A Síndrome da fadiga crônica ou encefalomielite miálgica, é muito extenuante, mas geralmente incompreendida. Como o próprio nome indica, a doença é caracterizada por uma profunda fadiga, dores musculares e articulares, memória e concentração prejudicadas. Os pacientes também experimentam alteração da função cardiovascular, distúrbios intestinais e disfunções sensoriais, como intolerância ao ruído e problemas de equilíbrio.

Os sintomas tendem a ser tão insidiosos e graves a ponto de levar os pacientes à desagregação familiar e ao isolamento social. Em muitos casos, isso pode perdurar por meses ou anos e para algumas pessoas os sintomas não melhoram com o repouso. A síndrome de fadiga crônica foi subestimada por anos, devido à falta de evidências científicas para apoiar o diagnóstico, e foi batizada de “gripe yuppie”. As vítimas continuam a sofrer o estigma de uma doença que ainda não é plenamente reconhecida pela comunidade médica e vista com ceticismo por familiares, amigos e colegas de trabalho.

Tudo isso apesar do fato de que sabemos que a taxa de prevalência global de fadiga crônica está entre 0,2% e 2,6%. Por exemplo, numa estimativa conservadora, na Austrália o número de pessoas com a doença ultrapassa 180 mil. A fadiga crônica afeta principalmente adultos jovens entre 20 e 40 anos. A estimativa média é de seis mulheres para cada homem, e não se sabe por que é mais comum em mulheres do que em homens.

O tratamento pode ser tão complexo quanto a própria doença. Ainda não foram desenvolvidos medicamentos ou a cura para esta síndrome, o que torna o tratamento muito difícil. Os sintomas também podem variar ao longo do tempo. Pessoas nesta condição devem acompanhar de perto a sua saúde com o seu médico, para criar um programa de tratamento individualizado que melhor se adapte às suas necessidades. Este programa deve ser baseado numa combinação de tratamentos para tratar os sintomas, terapias de adaptação e técnicas para atuar nas atividades diárias normais.

É crucial descobrir a origem biológica da fadiga crônica para que possamos começar a trabalhar com as melhores técnicas de tratamento da doença. O diagnóstico da doença é um processo longo e caro, já que exige fazer a diferenciação de muitas outras doenças que compartilham os mesmos sintomas. Dada a dificuldade de diagnóstico, o foco da pesquisa, levada a cabo por mais de 20 anos, foi encontrar indicadores únicos da doença.

Os investigadores observaram diferenças significativas entre as células do sistema imunológico de pacientes com fadiga crônica e pessoas saudáveis​​. Esta descoberta poderia eventualmente levar a indicadores biológicos testáveis, ​​necessários ao diagnóstico. Por sua vez, isso permitiria o desenvolvimento de testes que a detectem, não tendo portanto que contar apenas com os sintomas relatados.

Outros pesquisadores identificaram uma forte associação da síndrome da fadiga crônica com um sistema imunológico disfuncional, o que poderia sinalizar um outro fator subjacente da doença. Os pesquisadores também descobriram que nas pessoas com a doença, o papel das “células de defesa” do sistema imunológico, cuja função é matar as células infectadas no corpo, é reduzido, o que significa que eles não são capazes de eliminar os patógenos eficaz e eficientemente.

Pesquisadores australianos também encontraram, nas pessoas com fadiga crônica, alterações no número de outras células do sistema imunológico responsáveis por combater os vírus. Em particular, eles identificaram mudanças específicas no gene que controla essas células e os receptores que as ativam; isso explicaria por que essas células não funcionam de forma eficaz e eficiente.

Estes resultados constituem os primeiros passos em direção a um sistema para o diagnóstico precoce da fadiga crônica. Também fornecem evidências de anormalidades imunológicas envolvidas na causa da doença. Mas, apesar de os resultados permitirem trazer alívio para muitos que sofrem desta condição, a pesquisa ainda está em seus estágios preliminares. Neste dilema, pesquisadores investigam potenciais biomarcadores para diferenciá-los dos de outras doenças e, assim, garantir que eles são exclusivos dos pacientes com síndrome de fadiga crônica.

Com uma melhor compreensão das causas biológicas da fadiga crônica, não só poderemos lidar com os sintomas da doença, mas também com seu estigma.

Sonya Marshall-Gradisnik recebe financiamento da Fundação Mason, Fundação Edward P. Evans e do governo de Queensland

Este artigo foi publicado originalmente no site The Conversation

Encontrado em Epoch Times 






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