Quando o maior animal do planeta passa a cantar menos, algo saiu do eixo. Microfones instalados no fundo do mar, na costa da Califórnia, registraram uma queda consistente nas “canções” das baleias-azuis ao longo de seis anos — um sumiço que acompanha mudanças severas no oceano e ajuda a antecipar impactos para toda a cadeia de vida, nós incluídos.
Entre 2015 e 2021, pesquisadores do MBARI monitoraram, com hidrofones, a atividade acústica de baleias-azuis, jubartes e fin-whales no Ecossistema da Corrente da Califórnia.
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O resultado foi claro: as detecções de canto de baleia-azul caíram de forma acentuada (na casa de ~40%), enquanto as jubartes mostraram recuperação nos anos seguintes. O estudo, publicado na PLOS ONE, conclui que o “quanto” elas cantam acompanha as condições de alimentação — um indicador prático do estado do ecossistema.
A virada acontece após a onda de calor marinha conhecida como “The Blob”, iniciada em 2013 e prolongada até meados de 2016. As águas mais quentes remodelaram a base da teia alimentar, derrubando a abundância de krill — o prato principal das baleias-azuis — e favorecendo florações de algas nocivas.
Com comida escassa, elas passam mais horas vasculhando o mar e sobram menos energia e tempo para cantar.
Enquanto as jubartes se viram melhor graças a uma dieta mais flexível (peixes como sardinha e anchova entram no cardápio), as baleias-azuis dependem quase exclusivamente de krill. Essa diferença explica por que as canções das jubartes voltaram a crescer e as das azuis seguiram em baixa em parte do período pós-onda de calor.
O silêncio das baleias-azuis é um alarme sobre a saúde do oceano — que regula o clima, sustenta pesqueiros e captura parte do carbono que emitimos. Ondas de calor marinhas estão ficando mais frequentes, duradouras e intensas, e já se sabe que episódios como o do Pacífico Nordeste bagunçam funções do ecossistema por anos.
Monitorar o som do mar, portanto, não é perfumaria: é vigilância ambiental de baixo custo que ajuda a orientar proteção de áreas, reduzir ruído subaquático e planejar respostas rápidas em eventos extremos.
Expandir redes de hidrofones, cruzar áudio com dados de satélite sobre produtividade e temperatura, e acionar medidas temporárias de proteção quando o forrageio estiver em colapso são caminhos diretos para ganhar tempo — para as baleias e para toda a economia que depende de mares estáveis.
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