“Ter ansiedade me priva constantemente”: jovem relata sobre o problema

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil tem a maior taxa de pessoas com transtornos de ansiedade do mundo, cerca de 18,6 milhões de brasileiros (9,3%) sofre com o problema. Pelo mundo, existem 264 milhões de pessoas sofrem com transtornos de ansiedade, uma média de 3,6%.

A ansiedade pode surgir de forma sútil, como a entrega de um trabalho, o primeiro encontro ou uma entrevista de emprego, mas quando deixa de ser temporária e começa a impactar negativamente a vida de uma pessoa é preciso atenção.

Os transtornos de ansiedade são doenças relacionadas ao funcionamento do corpo e às experiências de vida, podendo causar aflição, angústia, insegurança, estranheza do ambiente ou de si mesmo, entre outros. Contudo, a doença continua a ser tratada com insignificância pela sociedade.

Por esse motivo, uma mulher decidiu usar as redes sociais para desabafar sobre sua condição de maneira sincera e emocionante. O texto publicado no Facebook já teve mais de 40 mil compartilhamento. Confira o relato:

“Refleti muito até ter coragem para expor isso que me aflige imensuravelmente. Precisamos conversar sobre o transtorno de ansiedade.

Esperar muito por algo, ficar de olho no celular para ver se a pessoa que você gosta responde, contar os minutos para o horário da aula ou trabalho acabar… Nada disso é ser ansioso. Algumas pessoas podem achar que é, mas não. Ansiedade não é legal, ansiedade não é motivo de orgulho, a ansiedade não deve ser romantizada.

Minha ansiedade dói na mente, dói no meu corpo, não me deixa respirar. Perco o controle sobre meus sentimentos e tudo parece ser caos… A ansiedade me faz ficar me preparando o dia todo para algo ruim acontecer, porque de alguma forma sinto que algo ruim vai acontecer. Ansiedade vem com um aperto no peito, cria um nó na garganta, me faz vomitar, e meu corpo todo dói. A ansiedade me seca a boca, me faz tremer e meu corpo formigar. Me torna propensa a qualquer momento poder cair no choro, e esse choro ser incontrolável.

Ter ansiedade me priva constantemente, me faz cancelar coisas que marquei em cima da hora, coisas que queria fazer, coisas que quero conseguir fazer, mas às vezes só consigo ficar sozinha. A ansiedade me faz pedir desculpas demais, me faz sentir um estorvo. E é comum agonizar dias e dias pensando se falei algo que não devia, me faz não conseguir pedir ajuda por achar que minha dor não é válida.

A ansiedade me deixa acordada a noite toda, e ter pesadelos quando enfim durmo, acordar com o coração descompassado, sem conseguir respirar. Não é legal ter. Ansiedade me faz pensar demais, racionalizar demais… Estou sempre medindo palavras, pensando demais antes de agir.

Me faz parecer dramática, louca, pra quem não tem. As pessoas não conseguem entender o que acontece em meu interior. Me faz mentir toda vez que alguém pergunta se está tudo bem. Mesmo quando minha mente está me matando, digo que está tudo ótimo porque não quero ter que explicar que não tenho controle sobre isso, não ainda. A ansiedade tensiona cada músculo do meu corpo enquanto lidar com questões internas e tento manter o rosto sereno para ninguém notar. Me faz sentir a todo segundo que tem alguém chateado com algo que fiz ou falei. O peso de tudo fica dobrado e sinto que preciso cuidar de todo mundo, mas não deixo ninguém cuidar de mim.

Não quero ouvir que estou sendo ridícula ou exagerada. Só quero que entendam que minhas qualidades estão acima da ansiedade, que ela não determina quem eu sou. Se você também luta contra a ansiedade, saiba que não está sozinho. Alguns dias são difíceis mesmo, mas uma hora o sossego há de chegar para cada um. E para quem não tem, mas conhece alguém que tenha, para quem conhece a mim, respeite essa pessoa, me respeite, não nos julgue. No fim, estamos todos tentando sobreviver a nós mesmos e a esse mundão, mas algumas pessoas têm batalhas maiores que as outras. Seja gentil, você não sabe pelo que o outro está passando.”

Imagem de capa: Shutterstock/Katja Gerasimova

TEXTO ORIGINAL DE MINHA VIDA






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