Afinal, o que é essa tal de psicoterapia psicanalítica?

Existem muitas dúvidas acerca do que faz um psicólogo clínico, como é realizado o processo terapêutico e quais são os resultados que ele tem a oferecer. Para que respostas satisfatórias sejam oferecidas, existem alguns estereótipos acerca da profissão que devem ser esclarecidos.

Primeiramente, um psicólogo não é um médico de loucos. Especificando então o caso da psicoterapia clínica, a grande maioria de pessoas que procuram o serviço não apresentam casos graves de psicoses ou outras doenças mentais.

Gostaria de falar um pouco sobre o conceito de loucura e normalidade, mas vou deixar este tópico para outro texto, meramente para não fugir do tema principal.

Quem geralmente procura a psicoterapia clínica apresenta algum tipo de sofrimento psíquico. Aqui não quero delimitar o que é um grande ou um pequeno sofrimento psíquico, esta diferenciação não cabe a ninguém a não ser ao próprio sujeito que sofre. Todos nós sofremos, e somente nós mesmos sabemos o tamanho de nossas dores.

Não existe um “manual de situações que te levam a procurar um psicólogo”. Depende muito do que cada um sente, de como passar por cada situação. Um exemplo simples de como isso funciona, a perda de um animal de estimação pode causar um imenso sofrimento para uns, ao passo que para outros é rapidamente superada. E o que faz essa diferenciação? Existe certo e errado? É claro que não. Cada sujeito é único, com uma história de vida diferente, que o levará a vivenciar situações de maneiras diferentes.

Outro estereótipo que gostaria de quebrar: psicólogo não te analisa apenas com um olhar. Não existe uma bola de cristal dentro da clínica, o psicólogo não consegue saber tudo da sua vida pelo modo como você cruza os braços. Ele também não vai te falar o que é certo e o que é errado, separar o que é bom do que é mau. Ainda bem! Um bom psicoterapeuta não fará julgamentos morais, porque ele entende que os valores são diferentes para cada sujeito, e que não existe certo e errado quando se trata de sofrimento psíquico.

Para que eu fale um pouco mais do processo psicoterapêutico em si, é importante que eu faça a seguinte observação: existem inúmeras abordagens psicológicas, cada profissional trabalha com aquela que se sente mais à vontade, possui maior domínio teórico e prático, e que lhe proporciona uma melhor visão acerca do sujeito e também da sociedade como um todo.

Escolhi voltar os meus estudos e a minha abordagem clínica à teoria psicanalítica e, portanto, irei falar sobre a mesma.
Voltando ao trabalho psicoterapêutico. A abordagem psicanalítica trabalha com sessões semanais, podendo ser mais de um encontro por semana, dependendo da disponibilidade do paciente e do contrato terapêutico que é estabelecido no final das entrevistas iniciais.

Nos primeiros encontros, são realizadas algumas “entrevistas iniciais”. São assim chamadas, pois proporcionam um conhecimento inicial. Nelas, o paciente irá falar acerca dos motivos que o levaram a estar ali e, juntamente com o terapeuta, entenderá qual é o melhor caminho a seguir.
A partir daí, cada sessão é um passo diante do desconhecido, paciente e terapeuta caminhando juntos em busca de respostas, ou até mesmo descobrindo novas perguntas.

O processo terapêutico não é algo exato. Não há uma quantidade fixa de sessões, ou um objetivo claro e específico que será atingido no final do trajeto. Sofrimentos psíquicos sempre irão existir, o que vai mudar é a maneira como se passa por eles.






Psicóloga clínica especialista em Psicoterapia Psicanalítica Contemporânea e atualmente mestranda na linha de Psicanálise e Civilização. Acredito não no poder de cura da psicologia, mas na capacidade que ela tem de transformar a dor e o sofrimento em compreensão e aprendizado.