Como uma favela com 1 milhão de habitantes virou exemplo de contenção do coronavírus

Desde o início da pandemia de COVID-19, examinar a propagação do vírus, a taxa de infecções, a resposta internacional e como esses dados variam de nação para nação, têm sido uma inesgotável fonte de surpresas. Mas talvez nada seja mais surpreendente do que a contenção do vírus em um dos lugares mais populosos e movimentados da Ásia – a favela de Dhravai, em Mumbai, na Índia, onde um milhão de pessoas vive em bairros labirínticos de barracos e casas de um cômodo onde o distanciamento social é impossível.

A maior cidade da Índia, Mumbai, é o epicentro do COVID-19 no país e registrou até agora 500.000 casos.Mas, embora a cidade tenha excedido o máximo de leitos hospitalares ocupados, Dharavi, cenário do filme vencedor do Oscar, ‘Quem Quer Ser Um Milionário’, registrou apenas 2.000 casos e 79 óbitos no total. Em junho foram apenas 274 casos registrados.

Como eles fizeram isso?

Foi iniciada uma resposta proativa no lugar, com 2.450 profissionais de saúde indo de porta em porta todas as manhãs, exatamente às nove horas, para testar as pessoas.

Depois que a primeira pessoa testou positivo na favela – um trabalhador de 56 anos que faleceu no mesmo dia – as forças-tarefa locais e civis identificaram as cinco áreas de maior risco da favela e começaram a caçar a doença, usando rastreamento de contato para encontrar pessoas em risco de serem infectadas.

No total, 47.500 pessoas foram testadas  logo de cara. “Isso nos deu uma vantagem”, disse Anil Pachanekar, médico particular e chefe de uma associação de médicos local, ao LA Times. “Se [esses casos] tivessem escapado ao nosso conhecimento, teriam causado estragos.”

Creditados por garantir as baixas taxas de infecção em Dharavi, esses profissionais de saúde de Mumbai sofreram com o calor e a umidade, caminhando pelas ruas lotadas usando roupas de proteção de plástico que não permitiam intervalos para o banheiro.

Na força-tarefa, a equipe acabou esbarrando na ignorância das pessoas sobre a Covid-19. “Quando percorremos Dharavi, também começamos a educar as pessoas sobre o assunto”, disse ele. “Dissemos a eles que não é crime ter um resultado positivo para o coronavírus”.

O medo é um dificultador

Aliviar o medo do COVID-19 nas pessoas, principalmente no que se refere ao temor de visitar uma clínica ou consultório médico para exames, acabou sendo uma maneira muito eficaz de tratar a doença.

Em 20 de abril, dezenove dias após a exposição, os testes de porta em porta foram interrompidos e 350 clínicas particulares foram autorizadas a reabrir. Até então, os esforços de educação haviam valido a pena, e filas de pessoas se formaram do lado de fora dos centros de testes.

Enquanto isso, as autoridades da cidade começaram a converter prédios como salões de casamento, escolas e centros comunitários, em abrigos de quarentena com provisões de alimentos e assistência médica. As pessoas que testaram positivo foram colocadas em quarentena em suas casas, enquanto os voluntários garantiam que as pessoas em quarentena pudessem obter os suprimentos médicos ou mantimentos de que precisavam.

Com menos de 20 óbitos registradas na favela em junho, parece que o pior já passou para os moradores de Dharavi – mas o que está sendo chamado de “método Dharavi” é um modelo para o futuro.

Isso demonstra que nenhuma situação é terrível demais para a determinação e engenhosidade humana, e que mesmo as pessoas que vivem nas condições mais adversas têm algo a ensinar ao mundo.

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Destaques Psicologias do Brasil, com informações de Good News Network.
Foto destacada: Reprodução/Los Angeles Times.






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