Coringa 2: Saiba o que é o transtorno “delírio a dois”, que dá nome ao filme

A cantora Lady Gaga tem se aventurado cada vez mais na atuação. Sua nova incursão neste universo é a personagem Harley Quinn, par romântico do Coringa de Joaquin Phoenix no longa “Coringa: Delírio a Dois”, cujo trailer, divulgado recentemente, deixou muita gente em polvorosa.

A partir do buzz em torno do filme dirigido por Todd Phillips, muitos recorreram às buscas da internet para descobrir o significado do nome do filme. Mas o que isso realmente significa?

Segundo a definição do Indian Journal of Psychiatry, delírio a dois “é um transtorno mental idêntico ou semelhante que afeta duas ou mais pessoas, geralmente membros de uma família próxima”.

Devido a esse transtorno, vários sintomas mentais, particularmente delírios paranoicos, são transmitidos “de uma pessoa para uma ou mais pessoas com quem o aparente instigador está intimamente associado de alguma forma, de modo que ele ou ela passa a compartilhar os mesmos sentimentos e ideias delirantes”, detalha o Indian Journal of Psychiatry.

A criminóloga Laura Quiñones Urquiza, que escreveu o livro “Lo que cuenta la escena del crimen” (O que conta a cena do crime, em tradução literal) e apresnta o podcast “Trazos criminales”, falou sobre o assunto em seu perfil no Instagram: “Por definição, a sugestão possibilita a credibilidade e a aceitação de uma ideia concebida erroneamente”

“Tal mecanismo gera uma realidade interna muito especial, cujo âmbito só existe incerteza e medo. Devido à sugestão, algo pode ou não ser verdade; e se for verdade, talvez seja vital ou letal para o sujeito, dependendo de como ele o imagina. Em suma, a sugestão move-se no limite entre a vida e a morte, daí o seu tremendo poder e a sua potência avassaladora.”

O delíriio a dois geralmente está associado a comportamentos criminosos, como explicou Quiñones Urquiza à CNN en Español. De acordo com a especialista, é difícil que um caso seja detectado antes de um ato criminoso.

“Quando ocorre o incidente, os envolvidos são levados para serem examinados por psiquiatras que avaliam se um transmitiu o delírio para o outro”, explica.

Ainda de acordo com a escritora, há uma perda de contato com a realidade nesta “loucura”. Nem sempre ocorre entre duas pessoas com doenças mentais e nem é permanente. “Podem haver episódios agudos que desaparecem após o tratamento. E pode ser transmitido de uma pessoa para outra que não tem doença mental, mas é suscetível à sugestão”.

“Então, sempre que duas pessoas estão envolvidas em conduta criminosa semelhante ou idêntica, existe um ‘delírio a dois?'”. A especialista explica que não, que tem que ocorrer o fator sugestão, por um lado, e também, uma desconexão com a realidade e a impossibilidade de realizar atos complexos, como tentar fugir, por exemplo.

Segundo Quiñones Urquiza, as pessoas que cometem delírio a dois não escondem o que fizeram, nem tentam fugir. “Pelo contrário, explicam o que fizeram com base em uma justificativa patológica baseada em alucinações ou delírios”.

O Indian Journal of Psychiatry frisa que o diagnóstico precoce desta condição é “um passo essencial” para tratá-la. “A maioria dos pacientes com delírio a dois necessita de múltiplos tratamentos que incluem separação, antipsicóticos, psicoterapia individual e de grupo e terapia familiar”, indica.

De acordo com o Indian Journal of Psychiatry, esse transtorno “é mais comum em comunidades e famílias isoladas onde existe uma grande necessidade de defender o status quo”.

O delírio a dois “é, talvez, o exemplo mais impressionante de uma relação patológica e, portanto, a compreensão do seu mecanismo subjacente tem implicações teóricas para outros tipos de relações interpessoais perturbadas”, destaca o Indian Journal of Psychiatry.

***
Fonte: CNN Brasil.






Informações e dicas sobre Psicologia nos seus vários campos de atuação.