Dois terços dos pais não enxergam sinais da depressão nos filhos

Ao mesmo tempo em que aumenta em todo o mundo o número de jobvens que tiram a própria vida, dois terços dos pais admitem barreiras na identificação do quadro depressivo de seus filhos. A conclusão é de uma pesquisa do hospital universitário da Universidade de Michigan (EUA), que estudou famílias de crianças e jovens dos ensinos fundamental e médio.

De acordo com os resultados da pesquisa americana, a depressão é um tema recorrente na juventude atual. Entre os 819 pais ouvidos nos Estados Unidos, 25% têm filhos que conhecem um colega que sofre da doença. Dez por cento dos entrevistados têm filhos que perderam amigos em um suicídio.

Ainda segundo o estudo, um dos principais desafios é a distinção entre a alternância de comportamentos e sentimentos, comuns no período da adolescência, e sinais efetivos da depressão.

Ao todo, 40% dos entrevistados dizem ter dificuldades em diferenciar um processo do outro, e 30% afirmam que seus filhos são bons em esconder o que estão sentindo, o que amplia a dimensão do problema.

O sinal de alerta, no entanto, está em cerca de um terço dos pais que dizem ser capazes de reconhecer indícios da doença. Para Sarah Clark, codiretora da pesquisa, muitos deles podem superestimar sua capacidade de identificar pistas do quadro depressivo. Pais e mães muito confiantes acerca de seu domínio sobre as emoções dos filhos podem ser uma grande armadilha na percepção de que algo está fora do lugar.

Tristeza, isolamento, comportamento hiperativo e irritabilidade podem ser alguns sinais de depressão e devem acionar a vigilância da família. “As crianças que expressam pensamentos significativos de suicídio ou que planejam uma tentativa de suicídio precisam de uma avaliação imediata. Isso pode envolver os serviços de saúde públicos”, diz a médica Cheryl King, professora de psiquiatria da Universidade de Michigan, em entrevista ao portal da instituição.

Uma sinalização positiva é a abertura familiar quanto ao papel das escolas no diagnóstico da depressão. Setenta por cento dos pais disseram acreditar que o tema deve ser discutido já no ensino fundamental.

Confira algumas estratégias úteis para os pais abordarem a depressão junto a crianças e adolescentes:

1. Mantenha os canais de comunicação abertos e seja direto.

Faça perguntas ao seu filho. Não tenha medo de perguntar diretamente se eles estão pensando em se machucar ou pensando em suicídio. Essas perguntas são feitas no contexto de cuidar e querer ajudá-los a resolver sua dor.

2. Normalize suas experiências.

Tranquilize-os de que não há pensamentos tabus e atenue qualquer possível vergonha. Você pode perguntar ao seu filho: “Considerando tudo o que você está lidando agora e o que está acontecendo na escola, você já pensou em se machucar ou em se matar?” Seja direto. Os pais também poderiam dizer: “Gostaria de saber se você tem pensamentos suicidas”.

3. Ouça a angústia do seu filho e fique calmo.

Não importa o que seu filho diga, os pais precisam reagir com calma. Ouça quando seu filho estiver chateado. Faça questão de ouvir o sofrimento deles. Se os pais não fizerem isso, os filhos podem desligar ou reagir com raiva.

4. Adote uma abordagem colaborativa e não dite a solução.

Diga, por exemplo: “Sinto muito por você estar com essa dor. Vamos pensar no que podemos fazer. Vamos ver o que podemos fazer para descobrir isso. Eu quero ser útil. Vamos buscar ajuda e vamos aprender mais juntos.”

Atenção:

O principal é lembrar que, antes que a conversa comece, os pais precisam gerenciar suas próprias emoções e somente iniciar o diálogo quando sentirem que conseguem manter uma postura calma e de escuta.

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Destaques Psicologias do Brasil, com informações de O Tempo.
Foto destacada: Getty Images.






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