Estimulador cerebral para depressão tem menos efeitos colaterais que antidepressivos

De acordo com a revista “New Scientist”, já está disponível para uso domicilar o primeiro aparelho de estimulação cerebral clinicamente aprovado na Europa para tratar a depressão. O artefato não invasivo, que recorre a pequenos choques elétricos para influenciar a atividade na parte frontal do cérebro, é usado em conjunto com um terapeuta virtual no telefone.

Já foi demonstrado em vários testes que atuar no tecido cerebral usando estimulação transcraniana por corrente contínua (tDCS, na sigla em inglês) melhora os sintomas de depressão. A novidade é que os pesquisadores da startup de origem sueca Flow Neuroscience incorporaram a tecnologia em um aparelho que lembra um fone de ouvido, vendido pela empresa por 399 libras (pouco mais de R$ 2.070,00).

Através de eletrodos na cabeça, a tDCS usa uma corrente fraca e constante para alterar o potencial elétrico dos neurônios, tornando-os mais ou menos propensos a disparar.

Pessoas com depressão geralmente têm menor atividade no lado esquerdo dessa área e maior atividade no lado direito. O aparelho da Flow visa reequilibrar esse quadro direcionando a estimulação para o córtex pré-frontal (área do cérebro logo atrás da testa), relacionado à personalidade, à tomada de decisões e à emoção reguladora. A estimulação cerebral fornecida pelo aparelho é técnica e clinicamente equivalente à dos dispositivos usados ​​nesses testes clínicos randomizados.

Terapia virtual

Pesquisas anteriores sobre tDCS e depressão tiveram resultados mistos. Dois estudos mais recentes, porém, mostraram que a estimulação teve efeitos semelhantes aos antidepressivos na redução dos sintomas de depressão e desencadeou menos efeitos colaterais. Enquanto os antidepressivos podem causar ansiedade, fadiga, ganho de peso e náusea, as desvantagens ligadas à tDCS são vermelhidão temporária sob os eletrodos usados ​​no couro cabeludo e uma leve dor de cabeça.

Cada sessão do dispositivo dura meia hora, e ele deve ser utilizado 18 vezes em seis semanas. Os usuários também têm acesso à terapia virtual usando um aplicativo, que os orienta a comer melhor, dormir melhor, fazer mais exercícios e meditar.

“Ao combinar a tDCS com a terapia comportamental, a equipe da Flow criou um poderoso tratamento para dispositivos médicos”, disse André Russowsky Brunoni, psiquiatra e professor associado da Faculdade de Medicina da USP, à revista eletrônica “EU-Startups”. “Vi em primeira mão as possibilidades que essa técnica tem no tratamento da depressão unipolar sem os vários efeitos adversos associados às terapias farmacológicas.”

De acordo com psicólogo clínico e CEO da Flow, Daniel Mansson, as pessoas podem dar feedback por várias maneiras. Embora o dispositivo seja destinado àqueles que têm diagnóstico de depressão, ele admitiu à “New Scientist” que não há como impor essa orientação. Mas diz que os órgãos reguladores que aprovaram o aparelho para uso levaram isso em consideração. O dispositivo foi lançado hoje em várias clínicas no Reino Unido hoje e também está à venda pela internet.

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Destaques Psicologias do Brasil, com informações de Revista Planeta.
Foto destacada: Divulgação.

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