Isolamento pode prejudicar desenvolvimento da fala dos bebês; veja 3 dicas para driblar o problema

Em entrevista à Revista Crescer, a fonoaudióloga Juliana Trentini, que é palestrante, criadora do canal Fala Fono e autora do livro Aprendendo a Falar, fez um importante alerta para a possibilidade de que o isolamento social ser prejudicial ao desenvolvimento da fala em bebês.

“A aquisição da linguagem tem um impacto muito grande no desenvolvimento do bebê, tanto social quanto cognitivo. O desenvolvimento da linguagem se apoia no desenvolvimento sensorial para se desenrolar e o desenvolvimento cognitivo se apoia na linguagem. Trocando em miúdos, sem uma boa base sensorial, a linguagem fica prejudicada, e sem a linguagem a inteligência fica prejudicada”, explica a fonoaudióloga.

“Sem rede de apoio, sem familiares, sem escola, sem comunidade, como podemos prover da melhor maneira possível condições para que nossos bebês sigam se desenvolvendo?”, provocou a especialista.

“A sugestão é para que eles [os pais] aproveitem o tempo que que estão realizando afazeres diários e cuidando dos bebês para estimular a fala e a linguagem. Assim, eles não ficam ainda mais estressados nesse momento”, diz.

Confira, abaixo, algumas dicas da especialista para driblar o problema.

NÃO TRANSFIRA O ESTRESSE

Juliana orienta que os pais ou responsáveis, na medida do possível, evitem transferir o estresse para as crianças. “O excesso de estresse causa um aceleramento nos processos neurológicos de maturação. A lógica disso vem do fato de que para melhor garantir a sobrevivência da espécie em tempos de estresse, os indivíduos precisam procriar-se o quanto antes e, para isso, precisam amadurecer o quanto antes”, explicou. “Não assistir aos noticiários com a criança e não discutir problemas de adultos na frente dela são alguns exemplos”, conclui.

BRINQUE SEMPRE QUE PUDER

Para garantir estímulos sensoriais e de linguagem, o melhor cenário é a brincadeira e a interação. “Como a agenda dos pais está mais apertada sem a escola e com o home office, brincar e interagir com as crianças durante as atividades domésticas é uma boa pedida. Ao cozinhar, por exemplo, deixe a criança observar e tocar nos ingredientes para conhecer as texturas, sabores, cores e cheiros”, sugere. “Eu costumo colocar as cascas dos ovos numa bacia e deixo meus filhos apertarem com as mãos. Você pode fazer o mesmo com as cascas dos legumes. É um ótimo estímulo sensorial”, completa.

ESTIMULE A VISÃO E A AUDIÇÃO

A pandemia exige que as pessoas fiquem dentro de casa, então, uma sugestão é abrir as janelas e deixar as luzes e os sons entrarem. “Isso enriquece o processamento visual e auditivo, ou seja, sensorial. Chamar a atenção do seu filho para um carro ou um avião que passam distantes ajuda o bebê a destacar um som e uma imagem de um fundo auditivo ou visual. Conversar, cantar e entreter o seu pequeno enquanto você toma banho ou varre a casa também são estímulos da linguagem e de processamento auditivos. Estimulando as crianças sempre que possível, podemos ser a ponte para elas satisfazerem suas necessidades sensoriais, linguísticas e sociais. Assim todo mundo sai ganhando”, finaliza.

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Destaques Psicologias do Brasil, com informações de Revista Crescer.
Foto destacada: Imagem de Adalhelma por Pixabay






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