‘Não preciso mais de remédios’, diz Izabella Camargo, que mudou rotina após Burnout

Com uma carreira sólida no jornalimo, Izabella Camargo virou manchete em sites, portais e revistas após ser afastada da TV Globo depois de uma crise relacionada à síndrome de burnout. O caso aconteceu eno ano de 2018, quando a jornalista já era apresentadora da previsão do tempo do “Hora 1” e do “Bom dia Brasil” na Globo há seis anos. O trabalho intenso durante a madrugada foi responsável por levá-la à exaustão e posteriormente, ao afastamento e rescisão do contrato com a emissora.

Atualmente, Izabella vive uma rotina completamente diferente. Ela dedica seu tempo a palestras em empresas. O tema abordado é justamente um alerta sobre os perigos do burnout. Em conversa com o UOL,a jornalista falou com mais detalhes sobre o seu novo dia a dia e também chamou atenção para os sinais do surgimento do problema.

“Primeiro, voltei a dormir no horário que meu corpo não adoece. Horário que o nosso corpo precisa. Não preciso mais tomar remédio para viver, dormir e acordar”, comemora Izabella, que precisava de indutores de sono para adormecer e anfetaminas para acordar. Para a jornalista, o burnout não é somente uma questão de prevenção. “Continuei a fazer terapia. Mas eu já fazia todas as terapias que você poderia imaginar e continuei fazendo”, explica.

“Estou compartilhando a minha experiência com pesquisas que fiz para que as pessoas se previnam de problemas como os meus. Como encontrar limites num mundo sem limites”, conta.

A síndrome de burnout é caracterizada por ser um distúrbio emocional que leva ao esgotamento e exaustão. Segundo Izabella, é uma doença ocupacional, ou seja, relacionada ao trabalho. Ela ainda informa que professores, médicos, jornalistas, advogados, servidores públicos e policiais são mais propensos a desenvolver o problema.

“Mais de quatro mil pessoas já me procuraram voluntariamente. Pessoas totalmente diferentes com os mesmos sintomas”, conta Izabella. “O burnout é um freio, não é um fim. Temos que falar disso com muito cuidado e carinho. São 20 milhões de brasileiros com esse diagnóstico. Alguns não conseguiram recomeçar. Outras tiveram que mudar de área. Dificilmente, a pessoa volta para o mesmo trabalho no mesmo ritmo”, explica.

“Só no ano passado, foram 20 palestras que dei. O que mais me chamou atenção foram os policiais de São Paulo. Eles são cobrados excessivamente por seus fracassos, dificilmente reconhecidos pelas conquistas e não podem errar. É um grupo que precisa muito de ajuda”, conta.

Izabella defende que as pessoas costumam ignorar os sinais que o corpo dá sobre esse esgotamento, apostando em automedicação e cuidados paliativos. “Ninguém adoece de um dia para o outro. Mas vivemos num contexto que você vai se automedicando, nós mulheres passando maquiagem, vamos escondendo até onde podemos. Depois, não dá mais”, lamenta.

A jornalista conta ainda que passou dois anos sentindo os sintomas. Entre cinco especialistas que foram consultados, apenas o último, um psiquiatra, cruzou os sintomas com trabalho e estresse para diagnosticar o burnout. “O seu corpo vai falando com você”.

Essa atitude de “ouvir o corpo”, que Izabella ressalta sempre, é reparar em sinais como cansaço excessivo, manchas na pele, intestino irritado e até questões mais graves, como enxaquecas e problemas vasculares. “Depois que seu corpo já pediu ajuda de todas as maneiras e você não ouviu, ele vai atingir o seu órgão mais vulnerável: pode ser rim, fígado, útero, ovário”, afirma.

O primeiro passo dessa jornada é sempre procurar ajuda médica e relatar todos os sintomas. “Buscar ajuda é um caminho de cura. Não adianta buscar só médico e remédio, a cura vai depender de você. É muito importante também procurar psicólogo e psiquiatra, ajuda a organizar as ideias”, indica Izabella.

Até o final de maio, Izabella pretende lançar seu livro, “Dá um Tempo”, que propõe uma reflexão sobre nossa percepção e relação com o tempo. Ironicamente, a produção da obra começou antes mesmo de seu diagnóstico do burnout. “É a doença dos novos tempos. Lanço para que quem tiver acesso ao livro, não adoeça”, torce.

“Quando você tem um excesso de acesso à tecnologia, você não vê limites. Hoje, você sai do trabalho e ele não sai de você porque você está consumindo seu cérebro se dedicando a ele. O burnout é doença ocupacional. A reputação das empresas fica sob risco. Todo mundo perde. A produtividade, o custo de afastamento… A empresa também perde. Os CEOs também podem adoecer, não são só os liderados. Ou a gente olha de forma inteligente para o que está acontecendo ou vamos ficar batendo a cabeça.”, conclui.

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https://www.psicologiasdobrasil.com.br/, com informações de UOl TV e Famosos.
Crédito da foto: Lucas Seixas/UOL.






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