O nascimento do amor

Será mesmo que o amor passou a existir simultaneamente com o ser humano? Parece que seu significado foi se modificando através de incontáveis culturas, conforme a época e a civilização em questão. Atualmente seu sentido mais comum relaciona-se a ligações de afeto, acolhimento do outro e retribuição de impulsos sensoriais e psíquicos indispensáveis para a manutenção das trocas afetivas e, portanto, das relações.

As origens desta expressão vêm da Antiguidade Clássica. Não se via o amor como um afeto mais forte; olhavam-no com desconfiança. Longe da aura de poesia e romantismo que sugere a palavra. Em algum momento impreciso da história desta civilização, este termo conquistou um significado ativo; não apenas receber afeto, mas também o conceder a outrem.

Os gregos utilizavam quatro verbos para se referirem ao amor. ‘Filéo’ é o amor fraterno; ‘Agapeu’ está relacionado ao prazer e ao desejo. Stergo (afeto protetor), estabelecido entre familiares; e Eros na relação entre duas pessoas atraídas sexualmente.

Neste cenário, o amor platônico, descrito e idealizado por Platão é a utopia dos sentimentos. Aquele que desafia qualquer conveniência ou prazer, situado por seu idealizador no mundo das ideias. Segundo Platão, o amor é carência; é a necessidade de preenchimento do vazia não satisfeito por si mesmo.

No decurso dos séculos o amor e a paixão libertam-se do sentido passivo e conquistam a conotação ativa. De alguma forma, sabemos o que é o amor. Mas o que será que os pesquisadores têm a dizer sobre o assunto?

Robert Steinberger, psicólogo norte-americano, lecionou a teoria, onde amor englobaria intimidade, paixão e compromisso. À intimidade, ligada a confiança mútua e a proteção e a necessidade um do outro. A paixão, baseada na atração sexual, e no desejo de possuir fisicamente o outro. Por fim, o compromisso numa intenção de comprometimento e a vontade de permanecerem juntos sem limites de tempo.

Psicólogos sociais buscaram definição para o amor, recorrendo à definição de seis formas de amar. O amor romântico (mais comum na adolescência é o amor que envolve paixão, intensa atração física), o amor possessivo (marcado por ciúme intenso, brigas acaloradas, emoções extremas), o cooperativo (onde há amizade e interesses comuns), o amor pragmático (caracterizada por pessoas que aprenderam a reprimir seus sentimentos, não manifestam carinho), o lúdico (baseado na conquista e emoções passageiras) e o amor altruísta (constituído por pessoas que se anulam para atenderem ao outro, ainda que o outro não as atenda).

Há quem defenda que o amor é uma história construída ao longo da vida que, mesclado com atração física, preocupação com o bem-estar do outro, manifestando-se numa influência mútua de cumplicidade, intimidade e companheirismo.

O que eu quis dizer é que o amor não é algo estanque, único. O amor é composto de vários comportamentos, reunidos e identificados com esse nome de amor, de tal sorte que cada pessoa tem a sua própria forma de amar. Agora, é de consenso na psicologia geral que todos amam de modo diferente, pois tem histórias diferentes. E mais, além disso, esse amor se modifica imerso na própria história das pessoas. Em outras palavras, sua própria forma de interpretar o amor traduz sua vida, cria sua história. E aí você poderia me perguntar, mas o amor que eu tenho hoje no atual relacionamento é igual ao outro que tive no passado? Eu te responderia, você é a mesma pessoa que foi o ano passado, uma hora atrás ou que é agora? Não com toda certeza, ainda que sejam poucas as modificações, acredite, elas existem.