O padre Fábio de Melo usou as redes sociais, na noite desta terça-feira (20), para fazer um longo desabafo após se envolver em uma polêmica que ganhou grande repercussão nacional. O episódio começou após o religioso relatar que foi tratado com grosseria por um gerente de uma cafeteria em Santa Catarina, ao questionar a diferença entre o preço anunciado de um produto e o valor cobrado no caixa. A repercussão resultou na demissão do funcionário e em uma onda de críticas nas redes sociais, tanto ao padre quanto ao ex-gerente.
Diante das reações, padre Fábio de Melo afirmou estar emocionalmente abalado. “Estou a um passo de desistir”, escreveu. Segundo ele, a proporção que o caso tomou demonstra o quanto o ambiente digital se tornou um terreno fértil para discursos de ódio e julgamentos precipitados. “É tão desproporcional a medida que se estabelece entre o que realmente aconteceu e o ataque, que chegamos à conclusão de que as pessoas não querem a verdade. Elas só querem a versão que melhor se adapta à sua necessidade de odiar”, afirmou.
O padre também criticou o papel das redes sociais na propagação de ofensas. “É da natureza humana a crueldade, mas as redes sociais estimulam a coragem de dizer o que não se diria pessoalmente”, refletiu. Ele ainda apontou a polarização política como fator que intensifica conflitos. “A polarização política está por trás de tudo. Sempre esteve. E ninguém está realmente preocupado com a questão que atualmente foi levantada para o estímulo do ódio”, completou.
Fábio de Melo disse ainda que sofre ataques constantes por não se posicionar politicamente. Segundo ele, o fato de não ter aderido a nenhum grupo partidário ou aparecido em palanques gera descontentamento entre apoiadores de diferentes espectros ideológicos. “Os ataques são orquestrados pelos que não ficaram satisfeitos em não terem-nos nos palanques de suas predileções. Eu sempre escolhi não estar em nenhum deles. Por isso, sou atacado pelos dois lados”, escreveu.
O religioso encerrou seu desabafo dizendo que o ódio virtual tem atingido também pessoas próximas a ele. “O ódio virtual se manifesta da pior forma, mentindo, caluniando, blasfemando contra o sagrado de nossas escolhas, e achincalhando as pessoas que amamos, nossos familiares e amigos. O principal instrumento do ódio é a palavra, a pior de todas as armas”, concluiu.
A cafeteria envolvida no caso ainda não se pronunciou oficialmente sobre a demissão do gerente. Enquanto isso, o episódio segue gerando debate nas redes sobre limites da exposição, cultura do cancelamento e o papel das figuras públicas em controvérsias cotidianas.
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