Perfeccionismo: por que ele é mais nocivo do que parece?

O perfeccionismo também é conhecido como o “defeito bom das entrevistas de emprego”. É só o recrutador perguntar: “qual seria o seu ponto fraco?”, que as chances de ouvir “sou muito perfeccionista” são altas. Dentro da cultura na qual estamos inseridos, ser perfeccionista é considerado bom, é um problema que pode até fazer o “portador” sofrer mas, pelo menos, ele está sofrendo para ser alguém melhor, correto? Não é bem assim.

O Perfeccionismo é algo diferente de fazer um esforço saudável  para buscar melhores resultados ou aperfeiçoamento pessoal. O perfeccionismo é a crença de que se a nossa vida, aparência e atitudes forem perfeitas, conseguiremos minimizar e até evitar a dor da culpa ou da vergonha diante do julgamento. O perfeccionismo não tem a ver  com superação pessoal, ele é uma tentativa de conquistar aprovação e aceitação, uma pessoa perfeccionista mede o valor que dá a si mesma  por meio daquilo  que realiza e o padrão a ser atingido costuma ser muito alto, aí que mora o perigo.

Se impor objetivos inatingíveis e se submeter a sacrifícios e cobranças excessivas para alcançá-los,  acreditando que disso depende o seu amor próprio e aceitação é uma lógica defeituosa, uma crença autodestrutiva que, ao invés de levá-lo ao sucesso, pode paralisá-lo e até desencadear sintomas de ansiedade e  depressão. Uma pessoa perfeccionista pode perder oportunidades por medo de fracassar, de não estar pronto, não ser bom o suficiente, por medo de cometer erros e até de desapontar os outros. Com isso, a pessoa pode acabar estagnando ao invés de progredir e evoluir, como parece ser a justificativa para o perfeccionismo, à primeira vista, e ainda pode se isolar e evitar relacionamentos, com medo de que as pessoas percebam seus defeitos,  ou como “não é tão bom em algo”, prejudicando tanto sua vida profissional, quanto a pessoal.

Mas como superar este padrão de comportamento e todas as crenças distorcidas recheadas de rotulações e julgamentos extremistas e deterministas, tão típicos do perfeccionismo? Primeiro é preciso reconhecer suas vulnerabilidades e os sentimentos universais de culpa e vergonha, que todo ser humano experimenta, ao invés de negá-los. Também é preciso aceitar que imperfeições fazem parte da natureza humana, não sendo algo que implique em “fraqueza” ou “inferioridade” e que por tanto, todos são imperfeitos, não importa o quanto se tente, é impossível nunca errar e ser 100% em tudo.  Outra coisa importante é analisar a origem dos seus medos, de onde vêem os medos de fracassar e não estar a altura de algo? Provavelmente de experiências do passado que, de alguma forma, foram impactantes na formação de suas crenças.  Por último, mude a forma como fala consigo mesmo sobre suas imperfeições, seja honesto mas sensível, pergunte-se sempre se seria tão exigente e inflexível com aqueles de quem gosta muito, se os tivesse avaliando sob as mesmas circunstâncias.






Erika Saab é Psicóloga Clínica, certificada em Personal e Professional Coaching. Atualmente, realiza atendimentos psicoterapêuticos individuais a adultos e adolescentes na abordagem Cognitiva Comportamental.Como Coach de Vida & Carreira realiza atendimentos voltados para a conquista do Bem Estar e da Qualidade de Vida, Processos de Transição de Carreira e Coaching de Autoestima e Imagem Feminina. Também é Palestrante do Projeto As Flores de Gaia - Coaching para Mulheres.