A postura mental diante do sofrimento

“Quando a tragédia ou o infortúnio cruzam o nosso caminho, pode ajudar bastante fazer uma comparação com outro acontecimento, ou relembrar uma situação semelhante ou pior que tenha ocorrido conosco ou com os outros antes de nós. Se conseguirmos realmente desviar o foco de atenção de nós mesmos para os outros, o efeito é uma sensação libertadora. Existe alguma coisa na dinâmica da preocupação excessiva consigo mesmo que tende a ampliar nosso sofrimento. Inversamente, quando o relacionamos com o sofrimento alheio, ele passa a ser mais suportável, torna-se mais fácil manter a paz de espírito do que se nos concentrarmos em nossos problemas excluindo tudo o mais.

No que diz respeito a minha própria experiência, verifico que, por exemplo, quando recebo más notícias do Tibet -, lamento dizer, isso acontece com bastante frequência-, naturalmente minha reação imediata é de grande tristeza. Entretanto, quando situo o assunto em um contexto e digo a mim mesmo que a tendência humana fundamental para a afeição, liberdade, verdade e justiça deverá acabar prevalecendo, vejo que me torno mais capaz de tolerar tudo razoavelmente bem. Mesmo depois de ouvir as piores notícias, é raro surgirem sentimentos de raiva impotente, que só servem para envenenar a mente, amargar o coração e enfraquecer a vontade.”

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Essa visão do Dalai Lama é realmente libertadora. Quando olhamos para os nossos sofrimentos sob essa perspectiva do outro, ou seja, da empatia ao sofrimento alheio, nós naturalmente minimizamos os nossos próprios sofrimentos. Tudo está relacionado ao foco da nossa mente. Quanto mais nos fechamos, mais o nosso sofrimento tende a nos causar dor, e quanto mais nos doamos aos outros, mais cresce em nós um sentimento de paz, de amor e de compaixão. Eu estou procurando por em prática esses ensinamentos, não é nada fácil, é um exercício diário, que nos leva a um crescimento constante dia após dia.

Isso que o Dalai Lama está propondo é fundamental para a conquista do equilíbrio das emoções, pois acredito que quando se alcança a paz de espírito, o nosso corpo e mente se equilibram. Preste bastante atenção nas suas palavras finais: “Mesmo depois de ouvir as piores notícias, é raro surgirem sentimentos de raiva impotente, que só servem para envenenar a mente, amargar o coração e enfraquecer a vontade.”. Envenenar a mente é um desequilíbrio das emoções, amargar o coração também, e enfraquecer a vontade é o reflexo do desequilíbrio no corpo. O que devemos fazer é desenvolver a compaixão, que nos leva a essa luta pela paz de espírito e, consequentemente, ao equilíbrio.

Faça esse exercício! Mude o foco da sua mente e perceba os resultados reais que você alcançará da vida…






Bacharel em Física. Mestre em Engenharia Mecânica e Psicanalista clínico. Trabalha como professor particular de Física e Matemática e nas consultas com Psicanálise em Fortaleza. Também escreve no seu blog "Para além do agora" compartilhando conteúdos voltados para o autoconhecimento e evolução pessoal. Contato: [email protected]