Terapia não é bicho de 7 cabeças

A terapia pode trazer inúmeros benefícios para quem a realiza. Porém, a falta de conhecimento ainda gera resistência em procurá-la. Conheça (e abandone!) alguns mitos sobre o assunto.

“Terapia é coisa de doido”

Todo tipo de pessoa pode precisar do apoio psicoterápico em algum momento de sua vida. Isso pode incluir indivíduos que sim, apresentam algum sofrimento mental e necessitam de acompanhamento psicoterápico. Porém, vale também para pessoas que não tenham qualquer indício de irregularidade psiquiátrica e que podem procurar um psicólogo para lidar com questões de ordens diversas, como, por exemplo, uma orientação vocacional.

Durante a vida, é normal que ocorram situações nas quais haja dificuldade em saber exatamente como encarar. O processo terapêutico, entre outros recursos, nos auxilia a criar ferramentas para lidar com essas questões de maneira mais funcional e tranquila.

O que acontece dentro do consultório?

O consultório é um lugar no qual você pode falar o que quiser, sem qualquer medo ou receio. Suas palavras estão protegidas por um código de ética, onde nada do que foi dito pode sair sem a sua autorização. O psicoterapeuta é um profissional capacitado, que está ali para lhe auxiliar a elaborar suas questões e angústias, não para julgar, criticar ou aconselhar. O processo terapêutico varia muito de caso para caso, tudo vai depender muito da demanda que cada paciente possui. Pacientes que possuem a mesma demanda tem o tratamento conduzido de maneiras completamente diferentes, uma vez que cada ser humano é único, possui uma vida, criação, família e visão de mundo própria. É por isso que psicólogo elabora um projeto terapêutico de acordo com a necessidade de cada indivíduo, onde, em suma, guia cada pessoa a construir ferramentas para lidar com suas questões.

No primeiro momento da psicoterapia, acontece uma anamnese: o psicólogo precisa saber o que te levou ali, além de coletar alguns dados pessoais. No mais, tudo vai depender muito da sua demanda e do seu caso. Ele não vai vir com um inquérito cheio de perguntas, quem traz as questões é você, mas irá apenas pontuar, ressaltar algo que observou estar inflamado e talvez você não tenha percebido.

Não necessariamente, o psicólogo vai vir com uma bateria de testes como estamos acostumados e ver em filmes. Isso só vai acontecer se ele sentir que há necessidade. Existem várias abordagens dentro da psicologia, cada uma com visões de homem e de mundo diferentes umas das outras, mas todas reconhecidas como ciência. Cabe a nós, profissionais, pesquisar e escolher de maneira mais consciente aquela que mais combina com a abordagem que desejamos ter com os pacientes.

O psicólogo irá me entupir de remédios?

Devido à falta de conhecimento sobre a atuação do profissional de psicologia, já ouvi inúmeros relatos de pessoas que acreditam que o psicólogo prescreve medicação. Frases como: “Psicólogos cobram uma fortuna para te entupir de remédios” são ditas com uma certa frequência. Porém, não compete ao psicólogo prescrever medicamentos. Somente um médico, como um psiquiatra por exemplo, pode fazê-lo caso haja necessidade. Se observar que pode haver essa necessidade, o psicólogo pode sugerir ao paciente que procure um médico, mas nunca prescrever medicação.

Quando devo procurar um psicólogo?

Não existe nenhuma regra. Você pode procurar ajuda sempre que sentir necessidade, independente de ter um motivo aparente ou a manifestação de um sintoma, como falta de energia ou uma inquietação, por exemplo. Algumas situações mais comuns são:

* Por encaminhamento de outro profissional que notou em você uma necessidade pelo serviço;

* Quanto notar algo em seu comportamento que deseja melhorar ou modificar;

* Em situações de luto;

* Quando sentir dificuldade em se adaptar a uma nova situação;

* Para buscar autoconhecimento;

* Quando perceber em si alguma desordem emocional.

Leia mais em “10 sinais de que você deve pensar em procurar um psicólogo”

“Mas fazer terapia é coisa de gente rica e eu não tenho tempo.”

Não! Terapia é para quem precisa ou sente necessidade. É um investimento em você e em sua saúde menta. Atualmente, os serviços oferecidos por essa área estão cada vez mais acessíveis. Existem clínicas sociais que atendem por um valor mais modesto, além das clínicas-escolas das universidades de psicologia, que oferecem serviços gratuitos. Também existem profissionais que oferecem atendimento on-line, por Skype. Então, quanto a tempo e dinheiro, não existem mais desculpas para não cuidar de si mesmo.

Sempre que sentir necessidade, procure ajuda!






Psicóloga clínica graduada pela Universidade FUMEC, especialista em relacionamentos atende pela abordagem psicanalítica em Belo Horizonte. Autora do Razão das Emoções, seus textos abordam as relações humanas e buscam a transmissão e troca de conhecimento pessoal e emocional.