Vacina para tuberculose pode ter protegido brasileiros contra Covid-19, diz estudo

Um estudo americano apresentado nesta quinta-feira, 09, aponta que a vacina contra a tuberculose BCG, pode ter reduzido a taxa de óbitos da Covid-19 em países como o Brasil.

Segundo os cientistas, ainda é bastante precipitado recomendar a BCG para evitar o agravamento da Covid-19, porém eles defendem que seus efeitos devem ser mais bem investigados.

O estudo foi realizado por pesquisadores do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos e da Universidade Estadual da Virgínia, e foi publicado na revista PNAS, da Academia Americana de Ciências. Ele faz uma comparação entre as taxas de óbitos por Covid-19 em países europeus, nos Estados Unidos, no Brasil e no México.

Os resultados do estudo dão conta de que, quanto maior o percentual de pessoas vacinadas por BCG, menor o número de óbitos por Covid-19. A vacina não preveniria a doença, mas evitaria seu agravamento, ao menos, em tese.

De acordo com Carolina Barillas-Mury e seus colegas, isso explicaria por que estados e cidades densamente povoados, com altas de taxas de infecção por coronavírus, mas com alta imunização por BCG, como São Paulo e Rio de Janeiro, registraram menor taxa de óbitos do que Nova York, por exemplo.

Os cientistas descobriram que a taxa de óbitos por Covid-19 nos estados americanos de Nova York, Illinois, Lousiana, Alabama e Flórida, todos sem vacinação universal contra BCG, era significativamente mais alta do que em estados de países com imunização universal com ela, como Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo, no Brasil; e o estado do México e a capital mexicana.

“Isso é excepcional se considerarmos que esses lugares na América Latina têm densidade populacional maior que a dos estados americanos analisados, incluindo Nova York”, escreveram os cientistas na PNAS.

Na Europa, foram encontrados resultados semelhantes. Na Europa Ocidental, onde nunca houve vacinação em massa com a BCG, a taxa de mortalidade por Covid-19 é 9,92 vezes maior que a de países da Europa Oriental, onde os países em sua maioria tem programas ativos de vacinação com BCG.

A BCG teria um efeito contra a Covid-19 por limitar a ação do coronavírus. Ela estimularia a resposta inata do sistema imunológico não apenas contra o bacilo da tuberculose, mas contra a infecção por outros patógenos e agressões, como o câncer. Já havia sido observada ação da BCG para ativar o sistema de defesa contra o câncer da bexiga, por exemplo.

Em seu estudo, os cientistas dizem que a identificação dessa relação de redução dos óbitos e BCG evidencia a “necessidade de mais pesquisas sobre os efeitos da vacinação pela BCG sobre a Covid-19 e também como forma de evitar a forma grave da doença”.

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Destaques Psicologias do Brasil, com informações de O Globo.
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