Crianças não devem ser diagnosticadas com psicopatia, diz especialista

Mesmo que uma criança apresente traços de comportamentos psicopáticos, classificados dentro do transtorno de conduta, o diagnóstico de psicopatia só é permitido, por definição, após os 18 anos. A psquiatra Hilda Morana, especialista em psicopatia e psiquiatra forense pela USP, afirma que o cérebro está em formação até os 17 anos.

Crianças, portanto, não podem ser consideradas psicopatas. Com o passar do tempo, esses traços podem aumentar ou diminuir, levando ao desaparecimento de determinado transtorno.

De acordo com os especialistas, cerca de 5% a 10% crianças têm transtorno de conduta, mas apenas uma pequena porcentagem irá evoluir para psicopatia. “O neurônio nasce com várias possibilidades de conexões e vai escolhendo as conexões que são mais utilizadas. Podemos comparar com um jardim. Você começa a caminhar no jardim e, por onde mais anda, para de nascer grama e se forma uma trilha. A poda sináptica é o caminho que o neurônio daquela pessoa acaba escolhendo”, explica o psiquiatra Ênio Roberto de Andrade, especialista em infância e adolescência do Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas de São Paulo.

A psiquiatra Hilda Morana explica que o exame Pet Scan (tomografia computadorizada por emissão de pósitrons) ajuda na confirmação do diagnóstico da psicopatia. “A área sub-orbitária do lobo frontal, que é uma área extensa relacionada ao caráter, fica azul na neuroimagem porque quando há o problema, a área não absorve glicose. No transtorno de conduta essa área pode amadurecer”, explica.

De acordo com ela, existe tratamento à base do anticonvulsivante capaz de fazer uma neuromodulação inibitória, tirando a excitação do paciente. “É uma forma de controlar o comportamento perigoso”, diz.

Só é possível fazer o tratamento com orientação médica

“É preciso tomar cuidado ao fazer a avaliação da psicopatia, porque um comportamento ou outro fora da regra não caracteriza o transtorno. O verdadeiro psicopata é sedutor e ninguém descobre. A principal característica desse transtorno é não ter empatia com o sofrimento do outro”, acrescenta Roberto de Andrade.

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Destaques Psicologias do Brasil, com informações de Folha Vitória.
Foto destacada: Reprodução/Folha Vitória.






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