A vergonha é um mecanismo de sobrevivência, afirmam cientistas

Sentir vergonha é terrível e, por vezes, essa emoção pode parecer inútil, mas um estudo recentemente publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences revela justamente o contrário: a vergonha não só é necessária, como serviu de um mecanismo de sobrevivência para os humanos em diversas culturas.

Os cientistas explicam que, assim como as dores, a vergonha tem a função de prevenir as pessoas de se machucarem. No caso, a vergonha ajudou nossos antepassados a se comportarem da forma “apropriada” de acordo com os grupos onde estavam inseridos, de forma a sobreviverem. “Nossos ancestrais viviam em grupos pequenos, sociais e cooperativos que valorizavam os membros o suficiente para lhes dar comida, cuidado e proteção”, disse o antropologista John Tooby, da Universidade da Califórnia, Santa Barbara, nos Estados Unidos, em entrevista ao The Current.

Para entender como a vergonha influencia o comportamento das pessoas atualmente, os cientistas conduziram um experimento com 900 participantes dos Estados Unidos, da Índia e de Israel. Os voluntários tiveram que responder perguntas direcionadas sobre como eles se sentiam em relação a vários cenários fictícios envolvendo características que poderiam ser desvalorizados por um grupo – mesquinharia, infidelidade e fraqueza física, entre outros.

Os participantes foram divididos em dois grupos. Os membros do primeiro tiveram que dizer de qual forma julgariam um indivíduo que possuísse essas características. Já os voluntários do segundo tiveram que dizer quanta vergonha sentiriam caso tivessem uma dessas qualidades.

Os cientistas concluíram que os resultados estão relacionados com o senso inerente que os participantes têm da vergonha e como o que outros veriam como inaceitável está diretamente relacionado com a reação emocional. “Nós observamos uma relação entre as reações negativas de quem comete esses atos e a intensidade de vergonha sentida por indivíduos pensando em como seria caso cometessem esses atos”, explicam os cientistas.

Os pesquisadores notam ainda que não há grande diferença entre os resultados dos diferentes países, sugerindo que a vergonha seja uma emoção universal.






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