Caso Nilmar divide opiniões entre psicólogos

Por Michael Santos

A notícia de que Nilmar está com depressão pegou torcedores, dirigentes e até imprensa de surpresa. Casos como este não são comuns na elite do futebol, principalmente com um jogador de carreira vencedora e que se dizia motivado para brilhar no Santos. Por sinal, o histórico do centroavante faz surgirem dúvidas sobre o diagnóstico.

A psicóloga do esporte Sonia Roman, que já trabalhou no Peixe, não acredita que Nilmar seja ou esteja depressivo justamente por causa dos feitos do jogador.

“A depressão é caracterizada por tristeza, descontentamento, apatia, uma série de coisas. É uma escala, e o final é a depressão. Se ele nunca teve depressão, sempre foi uma pessoa bacana, supõe-se que não seja de personalidade depressiva. Se fosse, não teria chegado tão longe, teria caído antes. É uma incógnita observar que esta personalidade talvez tenha depressão”, disse.

Sonia usa o comportamento do atleta nos treinamentos para rejeitar a possibilidade de ele ter desenvolvido a doença. “Nos treinos, ele jogou bem, fez gol de bicicleta… Ninguém depressivo faria isso. Com depressão, a pessoa nem treina, nem joga. (Diagnóstico de) depressão me pareceu muito forte, por causa do perfil dele, pela vontade, por piadas (que contava), por treinar… Para ser depressão, tem que estar há 15 dias deitado na cama, sem tomar banho, sem falar…”, exemplificou.

Visão diferente

Já Flávia Henriques, psicóloga e professora da Universidade Católica de Santos (Unisantos), tem uma visão diferente. Ela acha que um esportista, por mais vencedor que seja, por mais dinheiro que tenha, pode ter a patologia. “Pensam: tem tudo, como ficou deprimido? O ter não é o mais importante, mas o ser”.

Evidentemente, Flávia não sabe o que pode ter resultado na depressão do atleta. Mas acha que o fato de ter ficado mais de um ano parado por se desentender com o ex-clube, o Al Nasr, dos Emirados Árabes, pode ter gerado o problema. Assim, talvez sem que ele mesmo soubesse, já teria chegado ao Santos com a doença, embora seu comportamento não indicasse isso.

“Ele estava entrando em um clube novo, não poderia dizer que estava mal”, disse. “Ele também podia achar que ia melhorar”, completou.

Afastado

Contratado em julho passado, Nilmar, de 33 anos, pediu afastamento do Santos para fazer tratamento – o clube atendeu. Ele disputou dois jogos pelo time, contra Coritiba (0 a 0) e Cruzeiro (1 a 1), no Brasileirão. Em ambos, começou no banco de reservas.

 

TEXTO ORIGINAL DE A TRIBUNA






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