A formação do bom e o mau-caráter.

Essa questão da formação do caráter é uma discussão bem antiga. O filósofo Jean-Jacques Rousseau defendeu que os homens nascem bons, mas em contato com a sociedade que é má, tornam-se igualmente maus. Porém o teórico político Thomas Hobbes argumentou que o homem nasce mau, com instintos de sobrevivência, e que devido a tais instintos é capaz de fazer qualquer coisa. Para Hobbes, a sociedade tem o papel de educá-lo, de humanizá-lo, de torná-lo sociável.


O psicanalista Wilhelm Reich foi o teórico que se dedicou em formular uma teoria racional do caráter, onde dizia que “o caráter consiste numa mudança crônica do ego que se poderia descrever como um enrijecimento”. Reich ainda analisou se a criança crescer de modo saudável e se seus os impulsos forem favorecidos e coibidos de forma estável – as suas ações serão integradas ao ego, que se tornará forte e coeso, voltado à realidade.

Sem entrar em pormenores tais teorias nos permitem especular que o ser humano nasce como “uma folha em branco”, que no decorrer da vida irá marcando suas experiências sociais e psicológicas, umas mais profundas e outras menos. Mas nesse processo, que se formará um caráter saudável ou neurótico, que se dará o feitio moral da pessoa, que pode ser bom ou mau-caráter.

Assim certas pessoas terão bom caráter, porque a sua vida social e psíquica foram associadas com a honestidade, integridade e responsabilidade, entre outras qualidades. Entretanto outros indivíduos terão um formação “sem caráter”, visto que suas atitudes foram vinculadas a corrupção, roubos, mentiras, traições, etc, não apresentando nenhum princípio moral.

É possível prever que a bondade ou maldade dará o conteúdo do caráter ao preencher a “folha em branco”, que poderá seguir os modelos de vida que cada pessoa tem fora e dentro de si. O importante é conhecer as marcas de como as pessoas que nos relacionamos escreveram a sua “folha em branco”. Mas quando a maldade der o teor dessa folha, estamos diante de um mau-caráter e todo cuidado é pouco.

Aliás neste ano teremos eleições municipais e os critérios para identificarmos os candidatos de bom ou mau-caráter serão essenciais para definirmos a qualidade do voto. Já que os palanques estarão cheios de discursos atrás do nosso voto, mas devemos escolher os candidatos de bom caráter – para não afundar ainda mais a grave degradação da política partidária de nosso País.






Jackson César Buonocore Sociólogo e Psicanalista