Iniciativa brasileira de compostagem comunitária é premiada na Alemanha

A iniciativa foi reconhecida neste mês (18) durante a Semana Internacional Verde, em Berlim, por atender a critérios de sustentabilidade da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

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Em Florianópolis (SC), a Revolução dos Baldinhos estimula o aproveitamento de sobras de comida para a produção de adubo. Foto: Ministério do Meio Ambiente

O projeto Revolução dos Baldinhos, que promove a compostagem e o desenvolvimento da agricultura urbana em Florianópolis (SC), foi premiado na Alemanha pela organização World Future Council (WFC) como prática agroecológica de excelência. A iniciativa foi reconhecida neste mês (18) durante a Semana Internacional Verde, em Berlim, por atender a critérios de sustentabilidade da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

Escolhida como uma das 15 vencedoras, entre 77 programas de 44 países do Sul global, a Revolução dos Baldinhos teve início em 2008, na comunidade Chico Mendes, região continental da capital catarinense. O objetivo inicial do projeto brasileiro era resolver um problema grave de contaminação pelo manejo incorreto do lixo, que chegou a causar infestação de ratos e a morte de pessoas por doenças.

O programa começou sensibilizando as famílias sobre a reciclagem das sobras de comida e sobre como transformá-las em composto orgânico. A ideia era promover o plantio como ferramenta de promoção da saúde e da alimentação saudável.

A iniciativa criou um sistema para recolher os resíduos orgânicos nas casas, escolas e creches e entregar adubo resultante da compostagem, que os moradores utilizam em suas hortas e pequenas plantações orgânicas. O lixo que sobra nas residências e instituições vai para a coleta pública, sem estar misturado com restos de comida. O material separado para descarte fica seco, sem mau cheiro e sem sujar a rua, além de ser facilmente manuseável. Ao separar o lixo, a comunidade faz a triagem dos resíduos, encaminhando aquilo que pode ser reaproveitado para a reciclagem.

Desenvolvida com o apoio do Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo (CEPAGRO), a iniciativa já havia sido reconhecida no ano passado pelo Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat).

Em 2011, a Revolução dos Baldinhos ganhou o prêmio nacional Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social. Dois anos depois, foi vencedora na mesma premiação, dessa vez na categoria Instituições de Ensino, Pesquisa e Universidades.

Cintia Aldaci Cruz é a coordenadora do projeto em Santa Catarina e diz que o trabalho do grupo pode ser reconhecido como uma política pública junto à comunidade. “Sabemos que estamos no caminho certo. Somos uma tecnologia social certificada pela Fundação BB e esperamos que este prêmio internacional também possa abrir portas para nosso trabalho”, avalia.

A Revolução dos Baldinhos também é uma das cinco inciativas escolhidas para ser implementada no Projeto Moradia Urbana com Tecnologia Social (MUTS), criado para mobilizar moradores de conjuntos residenciais financiados pelo Banco do Brasil.

Na avaliação de Júlio César Maestri, engenheiro agrônomo do CEPAGRO, os prêmios são importantes por estimularem a experiência comunitária dos moradores, que há tantos anos se dedicam para manter o projeto ativo.

“Muitas coisas aconteceram, mas o projeto é tão importante para a comunidade que se mantém vivo até hoje. Esses prêmios ajudam a dar esse reconhecimento, renovando a energia da comunidade. Nós, do CEPAGRO, estamos felizes pela autonomia do grupo. Além disso, acredito que isso fortalece a dimensão, para que essa experiência continue sendo reaplicada dentro do projeto MUTS, por outras comunidades do Brasil”, diz o especialista.

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Fonte indicada: ONU Brasil






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