Um tipo de medicamentos injetáveis vem ganhando cada vez mais visibilidade no tratamento do diabetes tipo 2 nos últimos anos. Trata-se das injeções subcutâneas que simulam a ação de um hormônio, o GLP-1.

O GLP-1 é uma molécula naturalmente produzida pelo intestino humano quando acontece a passagem dos alimentos. Ele reduz o apetite e aumenta a saciedade; diminui os movimentos do estômago; e regula a liberação de insulina e glucagon (responsáveis pela modulação dos níveis de glicose) no pâncreas.

Ao imitar o hormônio, essas medicações se mostraram excelentes para o controle do açúcar no sangue e também para a redução de peso corporal. E tudo isso sem impor grandes riscos de hipoglicemia. Estudos mais recentes atestaram, ainda, que a classe dos análogos de GLP-1 também minimiza o risco de problemas cardiovasculares — doenças mais letais para pessoas com diabetes.

Apesar dos benefícios, muitas pessoas torcem o nariz para o medicamento epelo fato de ser injetável. Mesmo com o desenvolvimento de canetas de aplicação supermodernas, com agulhas quase invisíveis, ter de se picar ainda assusta muita gente.

Daí que a adesão e o uso à risca conforme prescrição médica se revelam baixíssimos. Ainda mais porque inicialmente esses remédios tinham de ser aplicados duas vezes ao dia. Para facilitar a vida do paciente, foram lançados mais recentemente produtos de uso semanal.

Mas a luta pela adesão ganha um novo reforço: foi aprovado há pouco nos Estados Unidos o primeiro análogo de GLP-1 de uso oral. Sim, um comprimido diário com o princípio ativo semaglutida.

Essa versão, desenvolvida pela farmacêutica Novo Nordisk, parece ter benefícios clínicos no controle da glicose e do peso muito semelhantes aos do produto injetável. O grande pulo do gato da nova formulação, assim se espera, é a adesão no longo prazo.

A pergunta que fazemos é: de que adianta um medicamento de ponta e efetivo se o paciente não o utiliza direito? Eis um avanço que essa notícia traz para o tratamento do diabetes tipo 2. A expectativa é que a semaglutida oral seja lançada no Brasil em 2020.

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Destaques Psicologias do Brasil, com informações de Blog O futuro do Diabetes.
Foto destacada: Alex Silva/SAÚDE é Vital.