Jesus nunca pegou em armas, jamais semeou o ódio e não exigiu dos seus seguidores alguma atitude masoquista

A biografia histórica e bíblica da vida de Jesus me cativa. Cristo foi um homem que nunca pegou em armas, jamais semeou o ódio e não exigiu dos seus seguidores alguma atitude masoquista. Mas em nome dele muitos usam estratégias para manter os indivíduos na dependência psíquica infantil, impondo no consciente coletivo que Deus é um pai severo, aliado às classes dominantes.

Jesus, como homem público, era uma pessoa única, que edificou um lugar decisivo na humanidade. E se colocava amorosamente para caminhar junto com as pessoas, de acordo com seu livre-arbítrio. O ensinamento de Jesus era como líquido amniótico: “eu sou o caminho e a vida, eu vim para que todos tenham vida em abundância”.

A obra essencial de Jesus foi criar em torno de si um círculo de doze discípulos, nos quais ele inspirava muita dedicação e lealdade. Eram homens de famílias de pescadores, que formavam uma sociedade doce e discreta, estendendo-se em laços de parentesco por toda cidade de Nazaré.

Nenhum dos discípulos pertencia a uma classe alta, e acima de tudo deveriam estar preparados moral e espiritualmente, uma vez que Jesus os enviaria como cordeiros no meio de lobos. Jesus não faria dos discípulos servos, mas amigos: “Quem quer liderar, quem quer tomar a frente, tem que servir e ninguém é maior do que aquele que dá sua a vida pelos amigos”.

Além disso, a vida Jesus foi marcada pela defesa dos pobres. Nada de ricos e nada de doutores, mas um reino composto de mulheres, crianças e gente do povo, ou seja, pessoas de classes inferiores oprimidas pela elite judaica e pela dominação romana.

Os fariseus e os saduceus tramavam contra a vida de Jesus a serviço do Sinédrio, promovendo disputas religiosas inúteis entre a população, e nesse cenário surgiram também os pseudos profetas, que faziam agitação junto à multidão. Tal era a situação que no ano 4 a.C, os romanos dominaram as massas revoltosas, que foi punida com crucificação de dois mil prisioneiros.

Entretanto, Jesus não aceitava a falta de escrúpulos e a brutalidade, que foi demonstrada na sua liderança espiritual e revelada, com ternura e firmeza, no sermão da montanha, no discurso missionário, no discurso das parábolas, no discurso sobre a igreja e no discurso sobre o fim dos tempos. Ou seja, o filho de Deus se caracteriza pela coragem, coerência e ausência de medo.

Jesus se dirigiu à Jerusalém e viu um templo grandioso, que frequentavam as multidões. Era ainda um colossal tribunal e universidade, que abrigava o poderoso quartel do exército romano. No templo se vendiam animais para sacrifícios e funcionava um mercado de moedas, de relações corruptas e lucrativas. Jesus reagiu a esse escárnio: “Que tinha sido feito da casa de oração um covil de ladrões”.

Porém, através de uma conspiração política e religiosa, Jesus foi condenado à crucificação por causar distúrbios no interior do templo. A sua morte ocorreu às 3 horas da tarde, do ano 29 ou 30 da era romana, com a execução da pena capital contra o primogênito de Deus. Assim, Jesus sofreu todas as situações de humilhação, tortura e traspassamento. O que ele nos deixou foi o amor de Deus, uma fonte gratuita de misericórdia e perdão.

Foto por Gift Habeshaw em Unsplash






Jackson César Buonocore Sociólogo e Psicanalista