Kintsukuroi: a arte de consertar cerâmicas quebradas com ouro e laca

As peças de cerâmica mais antigas são conhecidas por arqueólogos foram encontradas na Tchecoslováquia, datando de 24,500 a.C. Outras importantes peças cerâmicas foram encontradas no Japão, na área ocupada pela cultura Jomon há cerca de oito mil anos, talvez mais. Peças assim também foram encontradas no Brasil na região da Floresta Amazônica com a mesma idade. São objetos simples. A capacidade da argila de ser moldada quando misturada em proporção correta de água, e de endurecer após a queima, permitiu que ela fosse destinada ao armazenamento de grãos ou líquidos, que evoluíram posteriormente para artigos mais elaborados, com bocais e alças, imagens em relevo, ou com pinturas vivas que possivelmente passaram a ser considerados objetos de decoração. Imagens em cerâmica de figuras humanas ou humanóides, representando possivelmente deuses daquele período também são frequentes. Parte dos artesãos também chegou a usar a argila na construção de casas rudes.

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Um pote de cerâmica pode ter uma beleza única. Moldado a partir do barro, da argila, ele é maleável pelas mãos de seu criador até que seja submetido a altas temperaturas, quando então sua própria estrutura molecular se altera permanentemente para que se transforme em uma cerâmica. Como cerâmica, o material se torna cristalino, rígido, e está entre os mais duráveis que conhecemos. Dentre as criações humanas mais antigas já registradas em escavações arqueológicas estão os potes de cerâmica que nossos ancestrais moldaram há dezenas de milhares de anos — antes mesmo de construírem suas primeiras cidades.

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Mas se a cerâmica é duradoura, o mesmo não se pode dizer necessariamente do pote. Conta-se uma história de um dos mais destemidos guerreiros japoneses, o senhor feudal Toyotomi Hideyoshi, que recebeu de presente um precioso vaso de seu antigo líder, Tsutsui Junkei. Um dia um pagem deixou o importante pote cair por acidente, quebrando-o em cinco pedaços. Todos ficaram mortificados, temendo pelo garoto uma vez que Hideyoshi era conhecido por sua fúria.

Foi então que um convidado, demonstrando grande desenvoltura, improvisou no momento um poema cômico que em um jogo de palavras que unia de uma só vez o nome de Tsutsui, a quebra do vaso e um outro famoso verso sobre a passagem do tempo.

O gracejo do poeta fez com que todos rissem, restaurando o bom-humor de Hideyoshi. Logo o pote quebrado foi restaurado unindo suas partes e passou a ser conhecido como Tsutsui Zutsu, em referência ao poema. Ele continuou sendo usado pela família de Hideyoshi e, séculos depois, o pote com suas quebras e remendos ainda pode ser contemplado.

Ao invés de diminuir a beleza da peça, um novo senso de sua vitalidade e resiliência elevaram sua apreciação a novas alturas. O pote tornou-se mais belo por ter sido quebrado.

Houve quem ponderasse que a verdadeira vida do pote começou no momento em que caiu e se quebrou.

 

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Um vídeo sobre a técnica:

Fontes indicadas: sedentário & hiperativo,  camiimacTango Philosophydrazuli, wikipedia






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