Quando as desqualificações envenenam a relação de amor.

O início de uma relação amorosa é repleto de sonhos, projeções e expectativas. Com a convivência vamos percebendo que algumas das expectativas são correspondidas e outras não. Cada um traz consigo uma história de vida e a ideia do que é importante dar e receber numa relação.

Temos a tendência a olhar o outro, e a interpretar o que ele faz, através da nossa perspectiva, o que é um grande engano. É comum em um casal ouvir a frase: ” É obvio que tal coisa é importante, qualquer um vê”. Dando a entender que se o outro não está percebendo da mesma maneira é porque não está se importando, o que leva a outras interpretações, como: ele (a) não gosta de mim ou é imaturo (a) ou é acomodado (a), etc.

Antes de chegar a essas conclusões é fundamental considerar outra possibilidade, a de que o que é óbvio para uma pessoa pode não ser para outra. É preciso encontrar maneiras de explicar o que é importante para si e ouvir verdadeiramente o que o outro tem a dizer, aceitando que as duas histórias têm pesos iguais.

Desqualificações  

Quando as diferentes perspectivas não são esclarecidas, ou seja, não há uma boa comunicação entre o casal, é comum as decepções se tornarem frequentes e começarem as desqualificações.

As desqualificações surgem, muitas vezes, expressando insegurança, mágoa e desprezo pelo outro e podem acontecer como deboches e ironias com uma excessiva carga negativa.

É comum ouvirmos, tanto dos homens quanto das mulheres, queixas sobre o parceiro (a), dizendo que o outro não se importa com alguma situação delicada ou que gostaria de uma maior participação na rotina da casa. Desagrados dessa ordem são naturais no relacionamento, mas, quando se tornam recorrentes podem se tornar um sério problema.

Inicia-se uma dinâmica negativa na relação, alimentada por uma parte que desqualifica a outra. O lado frequentemente criticado pode não suportar e se afastar momentaneamente ou definitivamente. Mas existem outras possibilidades, a pessoa pode aceitar esse lugar e se sentir fragilizada e impotente, ter a sua autoestima prejudicada e se tornar passiva e dependente. Esse comportamento tem efeito direto na relação, o que leva o casal a se manter unido não pelo amor, admiração e respeito, mas pela dependência que um tem do outro.

Intenções e valorização

Algumas vezes, quando um dos parceiros é muito crítico pode ter a intenção de ajudar, mesmo assim é importante avaliar se a crítica não está aumentando a insegurança ao invés de motivar o companheiro a mudar.

Junto com a boa crítica é importante reconhecer e valorizar o outro naquilo que ele tem de bom e faz bem. Um pode ser muito bom em administrar a casa, fazer as compras, a comida, providenciar a limpeza e arrumação das roupas… e o outro pode ser ótimo em negociar valores, conversar sobre assuntos mais delicados com os filhos…. Cada ser humano é bom numa determinada área.

Reconhecer o que o parceiro (a) faz de bom, diminui a insegurança, motiva um maior envolvimento e fortalece a autoestima e a união. Além disso, alimenta uma relação saudável baseada na admiração. Casais felizes se sentem bem com a presença do outro, valorizados. Exercite esse feedback positivo na sua relação, lembre o que te encantou na pessoa quando se conheceram. Isso fortalece a relação e dá uma base sólida para compartilhar a vida, seja ela como for.






Marcela Pavan é Psicóloga Clínica. Especialista em Família e Casal pela PUC-Rio. Experiência em questões ligadas a relacionamentos, conflitos pessoais, ansiedade, carreira, envelhecimento, entre outras. Site de atendimento online: www.acaminhodamudanca.com.br