Tricotilomania: Modelo que passou 10 anos arrancado cabelo à força compartilha seu processo de cura

Isabela Reda, modelo de 26 anos, ganhou uma grande quantidade de seguidores no TikTok depois de compartilhar sua jornada de cura da tricotilomania, um distúrbio que faz a pessoa arrancar cabelos e pelos do corpo, especialmente em momentos de fragilidade psicológica. Este distúrbio afeta pelo menos um quarto da população, incluindo Amanda do “BBB 23”, que recentemente admitiu ter a “mania” de arrancar cabelos da cabeça.

Isabela começou a sofrer com este problema ainda na adolescência e continuou por uma década. Depois de quase dois anos em recuperação, ela decidiu postar os resultados da sua cura, mostrando milhares de fios curtos nascendo. A impressionante transformação viralizou seus vídeos e inspirou muitos outros que passam pela mesma luta.

Isabela conta que começou a arrancar seus cabelos depois de ouvir a mãe contar que costumava tirar os “fios mais grossos” da própria cabeça quando era criança. Infelizmente, ela acabou perdendo o controle sobre a situação rapidamente.

“Eu não me lembro ao certo quantos anos eu tinha, mas era uns 13 ou 14. Uma vez eu estava no banheiro com a minha mãe e eu estava mexendo em uns fios que eram diferentes, mais grossos, e ela comentou comigo que tinha mania de arrancar esses fios quando era criança. Eu comecei a arrancar por causa disso, mas foi piorando”, contou ela, em entrevista a VivaBem.

Antes de desenvolver o transtorno da tricotilomania, Isabela já sofria com ansiedade e tinha o hábito de roer as unhas. Ela relata que acabou “substituindo uma mania por outra”, já que desenvolveu a tricotilomania alguns meses após parar com o vício anterior.

“Foi piorando ao longo do tempo, porque no início eu arrancava só esses (fios) grossinhos, e em quantidade menor. Antes, também, era mais nos momentos de ansiedade, mas de repente começou a ser uma coisa mais involuntária. Eu estava ali assistindo alguma coisa, ou estava na escola, enfim, eu estava passando o tempo e arrancava”, conta a modelo, que vive em Ponta Grossa (PR).

A modelo diz que sempre teve o cabelo muito volumoso, o que disfarçava os fios arrancados e evitava que pessoas próximas notassem logo que algo estava errado. Isabela conta que suas amigas de escola não entendiam o que estava acontecendo com ela, apesar de verem os fios de cabelo que a acompanhavam por onde ela passava.

@isareda_ Respondendo a @✮ ♬ som original – Isabela Reda

“Eu tinha vergonha, então eu não contava para as minhas amigas. Até porque elas não entendiam, às vezes ficava o rastro de cabelo na mesa da escola e elas falavam: ‘Nossa, de onde vem esse tanto de cabelo? O que está acontecendo?’ Mas eu não falava nada sobre o que era. Eu queria parar, até tentava sozinha, mas era muito complicado.”.

Isabeça diz que sempre procurou ajuda médica, se dedicando à terapia durante muitos anos e buscando até mesmo um psiquiatra para tratar o problema. Sob orientação dele, ela passou a tomar antidepressivos, mas não teve melhora alguma da tricotilomania.

Depois de várias tentativa de se curar, foi a mãe da modelo que apresentou a solução. Uma das primeiras a perceber o transtorno da filha, ela sempre tentou incentivá-la a buscar ajuda, mesmo sem entender muito bem o que a jovem estava passando.

“A minha mãe, apesar de querer me ajudar, fazia isso de uma forma meio agressiva. Ela gritava comigo ou batia na minha mão. Mas, em 2021, ela marcou para mim uma psicóloga que foi a que realmente me ajudou. Fiz uma consulta online com ela, que me incentivou a parar de tomar antidepressivos, porque achava que no meu caso não seria necessário. Nessa consulta de uma hora ela conseguiu fazer com que eu parasse, eu nunca mais arranquei um fim desde então”, detalha.

“Essa psicóloga foi realmente determinante na minha trajetória de cura. Eu sempre falo para as meninas que me seguem e falam que tem esse mesmo problema: eu acho que é muito complicado de conseguir parar sozinha, ainda mais quando você está há tanto tempo. Porque você acaba acostumando, é muito difícil de sair de uma compulsão assim”, conta Isabela, que chegou a se formou em direito, mas abandonou a área para investir na carreira digital.

Segundo Isabela, ela chegou a pensar no antigo hábito nos primeiros meses depois da consulta com a psicóloga, mas celebra o fato de não ser mais “assombrada” pela tricotilomania.

“Não sinto mais nenhuma vontade de arrancar o cabelo. No começo, eu até sonhava com isso e acordava assustada. Também me dava esse estímulo de levar a mão à cabeça, que era algo que até a psicóloga me falou que tudo bem. Ela me aconselhou apenas, por exemplo, a acariciar o cabelo em vez de arrancar, caso tivesse esse impulso, e foi uma coisa que me ajudou muito nessa fase”, lembra ela.

@isareda_ piu-piu monstro é você? (brincadeiras a parte não tenho nem do que reclamar pois pelo menos consegui parar de arrancar 🥹🥹🥹) #fyp #foryou #tricotilomania ♬ Flowers – Miley Cyrus

Durante as suas primeiras visitas a salões de beleza após se livrar da tricotilomania, a modelo precisou enfrentar olhares de estranhamento por conta dos seus cabelos novos que estavam começando a nascer.

“Eu tive essa experiência de as pessoas olharem e acharem meio estranho, inclusive já vieram falar comigo sobre, perguntar o que tinha acontecido”, conta ela, que investe em cronograma capilar e escova orgânica — uma espécie de progressiva —para igualar os “dois cabelos” que tem.

“Eu comecei esse ano e ainda estou tratando porque a textura ainda está diferente do resto do cabelo. Acredito que eu tenha gastado uns R$ 400 em produtos e mais um pouco em três visitas a salões”, completa.

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Destaques Psicologias do Brasil, com informações do UOL.






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