Um pouco sobre a história do preconceito

Você sabia que a divisão daquilo que é considerado “normal” e “anormal / diferente” acontece devido a uma herança histórica? Sim! Infelizmente aquele que foge da “razão” e do que é considerado normal acaba sendo rotulado como Louco e excluído do meio social.
Por mais que estejam fazendo mudanças para mudar este cenário, práticas de exclusão permeiam até hoje, principalmente com os distúrbios de ordem psiquiátrica, sendo o autismo um deles.
O autor Foucault conta em seu livro “A História da Loucura”, de 1972, sobre o fenômeno da loucura desde o renascimento até atingir toda a sociedade. Aqueles que não estavam dentro da norma precisavam sair da visibilidade da sociedade, necessitavam desaparecer, pois carregavam um estigma de discriminação e exclusão. Como exemplo de pessoas excluídas naquela época, temos os leprosos, portadores de doenças venéreas, prostitutas, criminosos e loucos.
Na idade média, foram criadas instituições com o intuito de segregar pessoas que apresentassem alguma deficiência, já que nesse período isso era visto como um fenômeno espiritual. Tais instituições eram chamadas de asilos e funcionavam como os internatos e no século XVII abrigavam os excluídos da sociedade. Estes asilos foram se naturalizando e enclausurando aquelas pessoas que causavam algum incomodo ou não se enquadrava como um ser humano normal. A medicina só resolveu tratar essas pessoas segregadas no século XIX e posteriormente a outras áreas, como a psicologia.
Não só o modo de lidar com a loucura sofreu mudanças como também a maneira como ela foi afrontada pela razão. Na atualidade, apesar das várias tentativas de mudar o olhar para quem não está dentro de uma suposta “ norma” que é imposta, o conceito que ocasionou uma relação de superioridade à loucura permanece até os dias atuais.

É a sociedade que delimita as posições que cada um deve ocupar, controlando as suas experiências e as relações sociais. O homem que acaba tendo que se ajustar ao sistema, não o sistema as necessidades do homem, e com isso ocorre a exclusão daquele que se afasta do percurso esperado. É o que ocorre com os que apresentam alguma deficiência.
De acordo com o autor Canguilhem, o que foi considerado normal em alguma época pode não ser considerado normal em outra, pois o normal é construído a partir da cultura, dos costumes e dos valores. Porém, a sociedade ainda olha para as pessoas conforme suas restrições e estereótipos, desconsiderando características importantes e de grande potencialidade.
Estamos vivendo uma realidade onde aquilo que parece ser diferente do normal é visto como incapacidade e imperfeição, e por isso é importante a criação de políticas públicas com o intuito de romper os paradigmas existentes. Apesar das leis e direitos existentes, os autistas e seus familiares sofrem diversos tipos de preconceitos, e muitas vezes ele é silencioso e causado pela falta de informação e diversidade de características.É essencial refletirmos sobre a importância de uma sociedade menos preconceituosa, respeitando as diferenças e valorizando as potencialidades de todos, independentemente de ter alguma deficiência ou não.

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Referências:

CANGUILHEM, G. O normal e o patológico. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2002.

FOUCAULT, Michel. História da Loucura na Idade Clássica. Editora Perspectiva. São Paulo,1972.






Psicóloga Especialista em Psicologia Organizacional e do Trabalho e Especialista em Políticas Públicas: Tecnologias, Diversidades, Inclusão e Acessibilidade. Atualmente cursando Especialização em Tecnologias Assistivas: Técnicas Assistenciais e Práticas de Ensino. Psicóloga Clínica atendendo todas as idades e perfis, sempre buscando soluções para os problemas emocionais, afetivos, depressivos e mentais, que ocorrem no aspecto pessoal, social, conjugal, familiar e profissional. Atendimento também para questões que envolvem maternidade, transtorno do espectro autista (TEA) e globais do desenvolvimento (TGD). Tel: (19) 993420684