Lista de material escolar causa polêmica: kit de médico para meninos e cozinha para meninas

Com o início do ano letivo se aproximando, pais, mães ou responsáveis por crianças e adolescentes em idade escolar costumam lista de materiais escolares, com itens que serão usados pelos alunos em sala de aula. Muitas vezes essa lista causa surpresa pela quantidade de itens exigidos, pelo inusitado de alhguns pedidos ou pelo alto valor a ser desenbolsado para adquirir todos os itens da lista. A lista de material escolar do Instituto Dom Barreto (IDB), em Teresina, causou surpresa e gerou polêmica, mas foi por outros motivos.

A lista de material escolasr do colégio foi postada  nas redes sociais pelo tio de aluna, que se mostrava dindigando pelo fato de a escola solicitar kits diferenciados para meninos e meninas. A relação pede, por exemplo, um kit profissional de médico para meninos e de cozinha para meninas.

Em nota, a escola afirmou que a divisão de alguns itens foi feita para garantir diversidade nos itens de cada sala e que as atividades desenvolvidas com esses materiais são feitas por todos os alunos, ou seja, que o material é de uso coletivo. Em razão da repercussão, a escola excluiu os dois kits da lista (confira a nota na íntegra no final da matéria).

Nas fotos compartilhadas no Facebook, o IDB pede bola e carro de brinquedo apenas para meninos, enquanto para as meninas a escola pede uma boneca. Além dos brinquedos, a escola pede “kits profissão”. Para o menino são solicitados kits médico, mecânico e bombeiro. Já para as meninas são sugeridos kits salão e cozinha.

“Não adoeçam as crianças, ensinem a elas sobre o mal do machismo, preconceito e homofobia, quando for o momento mais adequado”, declarou o autor da publicação.

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A publicação recebeu mais de 200 reações, comentários e compartilhamentos. “O colégio é um dos melhores do Brasil e por muitas vezes chegou a ser o melhor, só porque pediu uma bola para meninos vem esse tanto de crítica?”, questionou uma das pessoas que comentou a postagem.

“Triste…no final, todos somos cúmplices de culpados por nossas filhas sofrerem abusos e ataques machistas a vida toda. São tratadas como imbecis, na escola e em casa não são educadas para serem um sujeito transformador, donas do seu próprio destino, cidadãs capazes de tomar decisões, sobretudo em relação à sua profissão”, declarou outra.

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Após a polêmica, a instituição fez alterações na lista. Agora, é solicitado somente um “kit brinquedo” a ser utilizado nas brincadeiras “faz de conta” e oficinas. “Com a finalidade de ampliar o conhecimento do mundo da criança”, diz a lista.

A escola sugere kit ferramentas, médico, bombeiro, cozinha, cabeleireiro. Retirando apenas a delimitação do gênero.

O IDB afirmou que iria se manifestar sobre a polêmica por nota no site da escola e em suas redes sociais.

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Leia a nota do IDB na íntegra:

Cientes da importância de esclarecimentos sobre nossa lista de materiais, vimos explicar que a divisão por sexo de alguns itens, exclusivamente da série do Infantário, dá-se apenas a título de garantir a diversidade de itens em cada sala, visto que, como especificado (MATERIAL LÚDICO – BRINCAR DE FAZ DE CONTA), as atividades desenvolvidas com esses materiais solicitados são feitas por todos os alunos ao mesmo tempo (material de uso coletivo) ou dentro do contexto pedagógico de experiências plurais.

O objetivo não é estimular ou segregar uma profissão em detrimento de outra, tampouco reproduzir uma percepção caduca de atividades específicas e distintas para meninas e meninos. Nosso compromisso, sobretudo na Educação Infantil, é com o faz de conta, com a criatividade, com cooperação, com a socialização e a comunicação, com o desenvolvimento da oralidade, da motricidade, ou seja, tudo o que permita a nossas crianças conhecerem-se a si mesmas, aos outros e ao mundo.

Acreditamos que informações desvinculadas de qualquer fundamentação didático-pedagógica podem afastar o real sentido das práticas do ensinar e aprender e reduz o trabalho desenvolvido por profissionais capacitados, e mais que isso, comprometidos com a infância e, sobretudo, com a formação de cidadãos e cidadãs que, historicamente, orgulham nosso Estado e nosso país.

Avaliar uma escola, qualquer escola que seja, por um item da sua lista de materiais escolares é postura temerária, decorrente, muito provavelmente, do desconhecimento do histórico da instituição, que ao longo de sua existência tem primado por uma educação libertadora de quaisquer amarras derivadas de preconceitos e discriminações, e que se orgulha, ainda, de contribuir para a formação educacional de mulheres e de homens conscientes do protagonismo feminino em qualquer profissão que decidam seguir. Felizmente, a Escola tem colhido, nos mais diversos ramos profissionais, os resultados desse atuar.

Assim, a lista de materiais divulgada para essa etapa não tem o propósito de impor, limitar ou distinguir seus usos. Entretanto, como somos conscientemente aprendizes, encontraremos outros modos de dizer nos próximos anos.

Certos da confiança de nossa comunidade, desejamos um 2020 de Paz e Bem a todos.

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Desaques Psicologias do Brasil, com informações de G1.
Fotos: Reprodução.






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