Pedreiro se forma em Direito na mesma faculdade que ajudou a construir

Há alguns anos, Luiz Antônio dos Santos, de 51 anos, trabalhava como pedreiro e ajudou na construção de uma faculdade particular de Votuporanga (SP). O que ele não imaginava àquela altura é que, anos depois, se formaria em Direito no mesmo prédio onde sujou as mãos de cimento.

“Eu brincava com meus amigos e dizia que estava fazendo duas faculdades. Foi muito engrandecedor saber que eu tinha erguido os corredores por onde passava. A minha habilidade profissional me ajudou a conseguir isso. Tive um privilégio muito grande”, disse Luiz em uma entrevista ao G1.

Luiz, que hoje é advogado, relata que quando se mudou para Votuporanga em 1989 começou a procurar emprego e entrou para o ramo da construção civil. Após muitos anos de experiência, foi selecionado para trabalhar na obra da unidade de ensino superior.

“A construção teve início em 2006. Fizemos os primeiros blocos da faculdade. Além de trabalhar, eu fazia alguns cursos profissionalizantes, mas queria algo a mais. Portanto, dois anos depois, quando a obra acabou, eu prestei vestibular e fui aprovado”, relembra o advogado.

Ele não tinha condições de arcar com a mensalidade do curso, mas acabou ganhando uma bolsa de estudos oferecida por um programa do estado de São Paulo. Luiz se dividia entre os estudos e o trabalho de pedreiro de segunda a sexta-feira. Aos fins de semana, cumpria com os termos previstos no programa.

Em 2012, Luiz Antônio dos Santos se formou. A morte precoce de um filho de 18 anos e outras dificuldades quase o levaram a trancar o curso, mas ele não desistiu de seu objetivo e foi aprovado três anos depois no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

“Foi uma tragédia muito grande. Quase desisti, porque minha mulher e minha filha entraram em depressão. Demorei um tempo para conseguir a aprovação na OAB. Como eu trabalhava na construção civil, não tinha tempo suficiente para me dedicar aos estudos. É uma demanda muito grande”, afirma Luiz.

Luiz agora trabalha como advogado em um escritório próprio e atua nas áreas civil e criminal. No entanto, a fome de conhecimento o faz continuar estudando.

“Fiz uma pós-graduação em Direito Constitucional e estou terminando uma segunda faculdade sobre teologia. Ano que vem, quero fazer um mestrado e quem sabe um doutorado. Meu desejo é poder lecionar”, diz o advogado.

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Redação Conti Outra, com informações do Notisul.
Fotos: Reprodução.






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