Hoje, quando acordei, a casa estava uma bagunça, sapato jogado na sala, bolsa no sofá, roupa espalhada pela casa, a pia cheia de louças, o cesto de roupas transbordando, parecia que tinha passado um furacão. Mas em pouco tempo e sem muito sofrimento, fui arrumando as coisas no lugar, foi mais fácil e rápido do que eu poderia imaginar. Diferente de outros dias, hoje, eu estava calma, tranquila. Diferente de outros dias em que eu tinha planejado o que faria, desta vez fui fazendo focada na recompensa, a recompensa de ver a cada movimento uma peça da casa mais organizada.
Moral da história ou os vários tipos de moral para esta história:
1) Não dá pra esperar que tudo esteja bem lá fora para começarmos o nosso dia com mais leveza, não posso esperar acordar com um céu lindo, um dia ensolarado, uma casa arrumada pra me sentir animada e disposta.
2) Às vezes a vida está uma bagunça, assim como a minha casa estava hoje, mas você pode ir arrumando aos poucos, se satisfazendo com cada passo dado e com cada situação organizada. Talvez seja preciso deixar algumas coisas pra depois, pra limpar outro dia, sem precisar se sentir culpado ou a pior pessoa por isso.
3) Não existem verdades absolutas, cada momento, cada contexto, exige uma nova postura, um novo olhar, um novo jeito de fazer. Nem sempre precisamos de um bom planejamento, nem sempre precisamos começar e terminar, pode ser que você só faça o mais urgente, e depois precise recuperar o fôlego pra arrumar o resto. Talvez o mais urgente seja a louça na pia, o guarda-roupa será arrumado em outro momento.
4) Planejamento e/ou organização não é tudo, paz de espírito, calma na alma fazem muita diferença, não adianta você organizar tudo (pensar no como, quando, onde e pra que), se está numa agitação enorme, atropelando pensamentos, sensações, emoções e sentimentos. A forma que você se sente ao elaborar qualquer tarefa (ou diante de qualquer situação na vida) está ligado a sua satisfação.
5) Você pode pensar: ah você fala de calma na alma porque sua vida está tranquila, não tem problemas. Não existe felicidade plena, a vida é uma oscilação, altos e baixos, tem momentos que estamos vivendo o melhor e o pior ao mesmo tempo, que estamos vivendo o sonho e o pesadelo, a tristeza e a alegria, a vida e a morte, a certeza e a dúvida. A forma de olhar para tudo isso fará muita diferença – se é com desespero, desesperança, negação, ou com tranquilidade, paciência e otimismo.
*A casa bagunçada foi uma metáfora para pensarmos nas coisas da vida, de como queremos soluções rápidas, arrumar tudo ao mesmo tempo, de como muita vezes pensamos em tudo e esquecemos de como estamos nos sentindo naquele momento. O fazer e sentir precisam estar alinhados porque mais importante que uma missão cumprida é gozar a sensação que isso nos traz, e nem sempre uma coisa está atrelada a outra.
**Mas sim, minha casa estava bagunçada de verdade! E a sensação de paz e a tranquilidade foi mais útil, hoje, que os planejamentos das outras vezes.
***Não significa que não devemos planejar, apenas que não há regras!